quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Honoré de Balzac


Honoré de Balzac
França: (1799-1850). Romancista

“A missão da arte não consiste em copiar a natureza, mas sim de exprimi-la! Tu não és um vil copista, mas sim um poeta! exclamou o ancião, interrompendo Porbus, com um gesto despótico. De outra forma, um escultor reduziria todos os seus trabalhos a moldar uma mulher! Pois bem! Tenta vazar num molde a mão de tua amada e colocá-la diante de ti; verás um cadáver horrível, sem semelhança alguma e serás obrigado a ir à procura do cinzel do homem que, sem ta copiar exatamente, nela figurará o movimento e a vida. Temos que apanhar o espírito, a alma, a fisionomia das coisas e do seres. Os efeitos! Os efeitos! Mas, eles são os acidentes da vida, não a própria vida. A mão, visto que tomei este exemplo, a mão não se ajusta unicamente ao corpo, ela exprime e continua um pensamento que é preciso agarrar e traduzir. Nenhum pintor, nenhum poeta, nenhum escultor, deve separar o efeito da causa, os quais se incluem invencivelmente um no outro. Nisso, está à verdadeira luta. Muitos pintores triunfam instintivamente, sem conhecer esse tema da arte. Desenham uma mulher, mas ninguém vê. Não é dessa maneira que se consegue forçar o arcano da natureza. A mão que desenhais reproduz, sem que nisso vocês pensem, o modelo que copiaste em casa de teu mestre. Não deceis bastante na intimidade da forma e não tendes bastante amor, nem perseverança nos seus rodeios e nas suas fugas. A beleza é uma coisa severa e difícil que não se deixa atingir assim; é preciso esperar as suas horas, espiá-la, apertá-la, enlaçá-la estreitamente para obrigá-la a entregar-se."

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