segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Anjo Caido III



Anjo caído III


Tentando me manter ainda
Sobre este curso de águas que caem,
Sob o céu cinzento de um dia qualquer
Onde navego em meus pensamentos,
Onde um dia planei sorrateiro
Em todos os seus desníveis,
Esperando a chuva cair
Enquanto minha mente
Apresenta suas cartas;
Mas uma delas está me abatendo
Quando feroz vem me agarrar
Me puxando durante o caminho para baixo
Em direção ao submundo sombrio
De idéias que giram e vozes que ecoam.
Vagando em direção a um vazio infinito
Onde se encontra perdido o ultimo grito,
A derradeira porção de sentidos,
A aniquilação irá agora ser a única maneira
De afogar essas mágoas,
De diminuir esses pecados
Este espaço não pode ser preenchido novamente,
Um buraco aberto e no tempo
Onde se escondem temporariamente
Os sentimentos em suas vestes escuras,
A saudade em seu manto vermelho;
Onde meus olhos em chamas brilham
Enquanto empurro minha ultima vontade,
As penas do anjo caído
Estão espalhadas pelo chão.

Poderei clamar aos céus
Quando as dores começam,
Ao seres superiores
E seus inúmeros aliados
Após a queda
Quando ainda estou confinado aqui?
Você nem mesmo imagina
Quanto já fora escrito antes de nós
Tudo que foi arquivado de cada ato,
Cada feito e todos os seus vultos
Que ecoaram no tempo e no espaço;
Eles deixarão para trás
Tantas sombras em minha mente,
Tantos rostos em meu coração
E sangue em minha espada;
E agora, cicatrizes em minha alma...

Alto no céu, bem distante,
Todas as nuvens estão passando
Levando os pecados
E marcando os pecadores,
E os que caíram ainda choram
Esperando por esta tempestade
Que ainda não pode lavar suas manchas
E nem limpar o sangue que ainda escorre;
Esperando pela tormenta,
A fúria que vem do céu,
O estrondo do trovão;
E esperando pelas lágrimas
Que despencam do firmamento
Caírem em mim, caírem em você...

Por que essas lágrimas
Nunca irão secar,
É o preço que se tem que pagar
Depois que asas são arrancadas?
Elas deixarão pra trás tantas sombras,
Vivendo em mim, dia a dia,
Diante de meus olhos fechados,
Vivendo em todas as memórias
Em minha vida.
Você imagina o porquê
Dessas lágrimas nunca secarem
Escorrendo em meu peito nu?
O tempo se forçou sobre a vida
Enquanto a chuva cai lá fora,
Vivendo em minha mente
Cada um daquelas horas perdidas.
Podemos mesmo encontrar um caminho
Neste labirinto sem fim?
Deveria eu ficar?
Deveria eu ser o único
Perdido dentro do vazio infinito?
Depois da queda nada mais é como fora antes...

W. R. C.

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