sexta-feira, 22 de março de 2013



Soneto III
 
Nostalgia
 
Das curvas do mundo fiz meu caminho,
Da poesia sussurrada meu relato,
Fragmentos de um eu em retrato
Pelos corredores de vidro sozinho.
 
Estranho silencioso no ninho
Feito de vozes, paginas e fatos,
Da essência vermelha e o substrato,
Dos dizeres transcritos nos pergaminhos...
 
Poeta de mil faces, mil linguas, mil amores,
Que o peito soluça e palpita
Em vontades e verdades pulsantes,
 
Do que foi e não é como antes,
Da linha desprendida que grita,
Do verbo que transcreve seus sabores...
W. R. C.


sexta-feira, 15 de março de 2013



Entre os Convidados
 
 
Caminhando outra vez
No presente conjugado,
De volta
Aos dias iluminados
Pelo astro solar
E seus enigmas,
Aprendendo com os fragmentos
Desprendidos do agora,
Preciosas pérolas do instante,
Reluzentes jóias da memória;
Um baú de tesouros esquecidos
Que transforma até mesmo
As coisas mais simples
Em algo extraordinário,
Convertendo dor em riso,
Soluços em melodias
Que ecoam no firmamento...
Dançando entre a fornalha
Que aquece os sentidos
Enquanto o peito pulsa;
As cortinas
Baixam-se lentamente,
Máscaras são dispensadas
Para este ato
Dos fatos
Representados outra vez.
Palhaço que empresta seu sorriso
A aqueles
Que não sabem mais como sorrir;
Horas que se vestem
Em trajes de mudanças
E o palco ainda iluminado
Quando a luz do dia se findar
E a derradeira voz se ouvir,
Fazendo seu chamado
A vida vivida;
Entre todos os convidados
E seus passos nos jardins...
W. R. C.

quarta-feira, 13 de março de 2013



Perguntas inquietantes VIII
 
Do outro lado das ramagens cinzentas
Podem-se ver os arbustos
Que brotam delícias proibidas
A tentar o homem faminto
Trazendo veneno aos seus lábios
Que se movem frenéticos sem se saciar?
 
O que se pode tocar
Sem que escorra entre os dedos
No tatear das vontades
Enquanto se forma sentidos,
Vozes em rostos sombrios
E gemidos que ecoam além?
 
São partes perdidas
De todas as vontades
Que tentam ser reconstruídas
Entre o tempo e suas vaidades
Que veste-nos em trajes tingidos
Com a tinta de nossas linhas rabiscadas?
 
Posso estender minhas mãos
E tocar o intimo do ser
Antes que grite a morte
Seu chamado certeiro,
Manusear o presente perdido
E fazê-lo se encontrar novamente?
W. R. C.


terça-feira, 12 de março de 2013



Jardim das rosas perdidas
 
Palavras se soltam precisas,
Pulsam quanto tentam falar,
Sobem solitárias mais uma vez
E aos céus evaporam silenciosas.
 
Verdades vestem seus mantos,
Valores destilam venenos
Enquanto a vida segue veloz;
 
Ainda aqui se escreve
O que não pode preencher suas partes,
Essas deixadas distantes daqui
Fugiram fingidas e assustadas,
 
Com medo de se machucarem
Com os espinhos que foram esticados
No jardim de rosas perdidas
 
E seus sentidos ornamentados,
Pintadas vermelhas pelo tempo
E todas as pétalas despedaçadas
Em folhas escritas no fundo do peito...
W. R. C.


segunda-feira, 11 de março de 2013



Esgrima de sentidos
 
Parado aqui a esperar
 O movimento mais preciso
Que impulsionará o verso
A conjugar sentidos
Em cada eu alucinado
Tentando se encontrar,
Um vislumbrar mais direto
 De cada passos apressado
Preenchendo lacunas
E caixas de mistérios,
No tato pego, no trato assinado;
Cicatrizando quereres
Ainda não revelados
Em todos os quadrantes;
 Cada linha, cada voz;
 Uma saída, uma entrada...
Dias que se perdem
No vislumbrar das delicias,
 Que se acham no traço escrito
Para amanhã
Outra vez no tempo,
Jogando com a sorte
Depois de amanhã;
Sorrindo com a vida
No gargalhar das consequências,
Chorando com a morte
Dos que se deixam levar
Aos abismos do acaso...
Esses ventos que sopram
Aos quatro cantos,
Suaves sussurros alem
Da porta da despedida;
Vozes que ecoaram
No vai e vem de sentidos,
No duelo interminável
De sentimentos,
Do que foi, do que é,
E do que ainda irá ser...
W. R. C.


quinta-feira, 7 de março de 2013


Mun-dança
 
No girar do tempo e suas vozes que cantam tantos versos do presente sem culpa exposto no tribunal do universo, na dança contínua dos quereres onde o homem faz suas escolhes e é por vezes escolhidos no baile de máscaras dos dias enfim; passos cuidadosamente aplicados no bailar desengonçado do viver constante enquanto o mundo se veste a rigor em regras rigorosas sobre a existência e seus deveres divididos, nos atos aplicados, no palco às vezes iluminado, no decorrer das sentenças. Na dança alegre dos felizardos que correm pelo globo lançando dardos e setas de venenos e antídotos aos alvos almejados, aos quatro cantos em estações de diversas mudanças e encantos com laços e traços que se desdobram no papel de cada um que observam e são observados, absorvem e são absorvidos quando vão se escrevendo sem pressa apressando o próximo parágrafo; parado em silêncio entre as quatro esquinas e o derradeiro chamado, janelas escancaradas enxergam o horizonte despido ao som de uma suave melodia de fatos e feitos desmembrados, de tantos dias que se foram e não querem mais voltar levados pelos ventos do acaso e suas mais silenciosas canções, de todas as procuras que ainda não conseguiram se encontrar em uma caixa de muitos ideais a se construir, de olhos bem abertos e ouvidos atentos aos sons que fazem la fora, a sinfonia chamada vida em seu concerto de incertezas a nos conduzir pelo vale da inquietude e suas perguntas inquietantes; guiando-nos aos jardins de concreto ao votos e ao veto do que se faz sem pensar enquanto o mundo gira em sua dança...

W. R. C.