domingo, 28 de agosto de 2011

Ideologias...

Ser feliz é o maior afrodisíaco que existe. Voce só passa por esta vida uma vez . Não vai ter bis. Observo e ouço a platéia , e sei que tanto eles quanto eu estamos pondo alguma coisa para fora, nenhum de nós sabe o que é. O importante é que estamos nos livrando disso, sem ninguém se machucar.A Verdade é como o Sol. Podes esconder durante algum tempo, mas não desaparece."
Elvis Presley



Realize o seu próprio sonho. Você mesmo vai ter de fazer isso... eu não posso acordar você. Você é quem pode se acordar. O que nós temos de fazer é manter viva a esperança. Porque sem esperança nós todos vamos naufragar. Amo a liberdade, por isso deixo as coisas que amo livres. Se elas voltarem, é porque as conquistei; se não voltarem, é porque nunca as possuí. A vida é o que acontece quando estamos fazendo outros planos.”
John Lennon


"A música é a coisa mais importante. Estou pensando no meu futuro. Tem de haver algo novo, e eu quero fazer parte disso. Quero liderar uma orquestra com excelentes músicos. Quero tocar uma música que pinta quadros do mundo e seu espaço.
É engraçado como a maioria das pessoas amam os mortos; quando você morre, está pronto para a vida."
Jimi Hendrix ]


Nunca fui capaz de controlar meus sentimentos, mantê-los lá dentro. Antes, isso estragava a minha vida, sempre fui uma vítima de mim mesma. Eu vazia coisas erradas, fugia, ficava maluca. Agora faço esse sentimento trabalhar para mim, através da música, ao invés de me destruir. Eu trocaria todos os meus amanhãs por um único ontem."
Janis Joplin


"Tudo o que é desordem, revolta e caos me interessa; e particularmente as atividades que parecem não ter nenhum sentido. Talvez sejam o caminho para a liberdade. A rebelião externa é o único modo de realizar a libertação interior.
Sou um xamã que tem visões pela tribo e é capaz de curá-la."
Queremos o mundo e o queremos...agora."
Jim Morrison


"Enquanto houverem garotos chateados, o heavy metal continuará existindo”. “Nós éramos pobres. Literalmente pobres. Se não fosse pela mãe de Tony acho que não teríamos conseguido. Ela costumava fazer sanduíches e nos dava cigarros.” “Eu entrei na banda para viajar, não para ser um rockstar. Eu nem pensava em gravar um disco quando fizemos o [...]
Eu não sigo as tendências. Eu não me preocupo com as paradas. Eu apenas faço o que gosto, e tenho tido sorte das pessoas gostarem do que eu faço. E eu não penso no que eu fiz, e sim no que irei fazer.Acho que estou ficando louco, mas enfim, enquanto estiver aproveitando, tudo bem."
Ozzy Osbourne


Percebo que o mundo está cansado de sonhadores! Pode até pensar que isto é pessimismo meu, mas não é. Falo de pessoas que, a tempo, não fazem outra coisa a não ser: projetar, sonhar, fantasiar, programar, traçar metas, mas que não saem disto. Estão esperando que alguma coisa ou alguém faça algo e crie uma oportunidade para eles. Isto não acontecerá! O mundo espera que alguém, em algum lugar, tome iniciativa, que tome os remos nas mãos, que marchem para a objetividade, que desçam de suas camas, que ponham os pés no chão, que transformem esta subjetividade em algo concreto. Medo, esta é a fobia que atrapalha a ação e realização. O medo só cabe em nossos sonhos! Lá, não se constrói, não se encarna, não se faz! Lá, no mundo dos sonhadores, apenas observamos os que têm coragem e audácia vencerem, fazerem, realizarem. É hora de materializarmos os nossos sonhos! Não podemos parar de sonhar, apenas precisamos ir atrás deles! Sonho sem ação é pura fantasia! Não existem limites para aqueles que possuem a capacidade de sonhar!
Ronnie James Dio



Um sonho sonhado sozinho é um sonho. Um sonho sonhado junto é realidade. A arte de ser louco é jamais cometer a loucura de ser um sujeito normal. Sou o que sou porque vivo da minha maneira... Você procurando respostas olhando pro espaço, e eu tão ocupado vivendo... Eu não me pergunto, Eu faço! Ninguém tem o direito de me julgar a não ser eu mesmo. Eu me pertenço e de mim faço o que bem entender.
Raul Seixas




"A música rock veio mudar as tradicionais músicas dos homens de negócios para uma música mais livre e sem preconceitos. A música rock reflete um comportamento erótico, para alguns destrutivo, mas na minha opinião é apenas um meio de desabar as estruturas. A música americana popular até mais ou menos 1960 estava prêsa aos empresários, homens de negócios que comandavam toda a publicidade da TV, que mandavam e desmandavam nos artistas, e isso não dava liberdade artística para os compositores. A música rock trouxe uma nova concepção de som e música."
Obs.: Em uma redação escolar escrita em 1971.
Cazuza



Se te lançaram pedras, constrói teu palácio; se ninguém te estende a mão, o céu te abraçará.Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena acreditar nos sonhos que se têem ou que os seus planos nunca vão dar certo ou que você nunca vais ser alguém...
Quem insiste em julgar os outros sempre tem alguma coisa pra esconder."

Renato Russo





"Sei que ele guerreou com Xangô e acabou sendo morto. Mas depois Xangô e Oxalà ficaram com pena e resolveram trazê-lo de volta. Só que ele não pode mais voltar na forma humana, mas como serpente. Ele é cobra dos rios e do mar. Quando està no mar é homem e quando està no rio é mulher. Um pouco parecido comigo. Acho que era Confúcio quem dizia: fácil é o certo. Certo é o fácil, então não existe o certo, o errado, o fácil e o difícil. Você escolhe o que é bom para você na hora e acaba dando certo."

Cássia Eller





sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Hoje




Hoje


Sinto o peso de meus pensamentos
Que giram em espiral,
E os rostos que por ele transitam
Como sombras no escuro,
Já me causam saudade e melancolia,
Vozes que ecoam distantes,
Nostalgia e vontade de sentimentos.
Não existe mais soluços ou lágrimas
Elas secaram a muito tempo
Com o sangue das feridas,
Com os ventos que sopraram para o ontem.
Vejo o lábio aveludado
Sinto o perfume em pele macia,
Quero toca-la... Mas se evapora...
Quero senti-la... Mas não posso...
Um último beijo e nada mais...
Minhas mãos trêmulas
Continuam vazias como estavam antes,
Antes deste dia, antes desta hora...
Caminho devagar sob um tapete desbotado,
São flores mortas e folhas amareladas,
Construindo uma estrada de recordações
Que me guiam em direção de mais um entardecer,
A mais um querer, mais um sonhar;
Onde verei mais uma vez no por do sol,
Aquele belo rosto que me observa,
Perdido nas entranhas de minha consciência,
Um lapso de memória, um devaneio,
Posso ouvir sua voz que sussurra,
Tão doce, tão agradável,
Cantando sua bela canção de despedida,
Para mim, e para o sol.


W. R. C.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Amar Para Sempre?




Amar Para Sempre?

Me ame para sempre,
Ou de modo algum,
Só mais um segundo,
Ou nunca mais,
Terminando de costas para a parede,
De frente um para o outro,
Me dê a sua mão,
Nunca pergunte o por quê,
Nunca se esqueça de ontem, destas linhas,
Não me prometa nada,
Viva até morrermos.
Tudo muda, e fica do jeito que estava,
Em pequenos pedaços,
Do avesso, distorcido...

Tudo vai, sobe e desce,vira e volta,
Todos culpados,
Ninguém para culpar,
Todos sentados,
Ninguém para aplaudir,
Toda saída, traz você de volta ao início,
E o inicio de volta as perguntas,
Repletas de dúvidas, transbordando vontades;
Todos morrem para partir o coração de alguém,
Sepultando sentimentos ainda vivos,
Alguns partem sem se despedir.

Nós somos o carasco, nós somos a lei,
Que regem nossos passos,
Que erguem nossos muros,
Nós somos a corrupção,
Vermes no caroço,
Fruta madura no pé,
Folha seca que cai...
Um do outro, rir até chorar,
Gristos silenciosos,
Sussurros ao amanhecer, soluços à noite,
Fé pela morte ou um salto no precipício.

Me ame ou me deixe,
Não me conte mentiras,
Não jogue sem ter todas as cartas,
Não me faça perguntas,
Não me mande um espião,
Ou flores que irão murchar;
Não diga que me ama
E depois devore meu coração...

Você sabe que o amor é um ladrão,
Que as vezes nos roubam nossos sorrisos,
Assassinam nossos sonhos,
E cospem em nosso prato de dia,
Que rouba nosso coração à noite,
E deixa lágrimas em seu peito nú,
Anjo e demônio faminto,
Devora nossas horas e nosso tempo,
Escrevendo nomes em nossas almas...

E se, escorrega pelos nossos dedos,
Não podemos permitir,
E não conseguimos resistir,
É algo incontrolável;
É melhor você segurar com força,
Mas saiba, que não é assim tão fácil...


W. R. C.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Machado de Assis



Joaquim Maria Machado de Assis
Brasil: 1839 // 1908
Escritor


A Quimera da Felicidade

(...) do alto de uma montanha, inclinei os olhos a uma das vertentes, e contemplei, durante um tempo largo, ao longe, através de um nevoeiro, uma cousa única. Imagina tu, leitor, uma redução dos séculos, e um desfilar de todos eles, as raças todas, todas as paixões, o tumulto dos impérios, a guerra dos apetites e dos ódios, a destruição recíproca dos seres e das cousas. Tal era o espectáculo, acerbo e curioso espectáculo. A história do homem e da terra tinha assim uma intensidade que não lhe podiam dar nem a imaginação nem a ciência, porque a ciência é mais lenta e a imaginação mais vaga, enquanto que o que eu ali via era a condensação viva de todos os tempos. Para descrevê-la seria preciso fixar o relâmpago. Os séculos desfilavam num turbilhão, e, não obstante, porque os olhos do delírio são outros, eu via tudo o que passava diante de mim, - flagelos e delícias, - desde essa cousa que se chama glória até essa outra que se chama miséria, e via o amor multiplicando a miséria, e via a miséria agravando a debilidade. Aí vinham a cobiça que devora, a cólera que inflama, a inveja que baba, e a enxada e a pena, úmidas de suor, e a ambição, a fome, a vaidade, a melancolia, a riqueza, o amor, e todos agitavam o homem, como um chocalho, até destruí-lo, como um farrapo. Eram as formas várias de um mal, que ora mordia a víscera, ora mordia o pensamento, e passeava eternamente as suas vestes de arlequim, em derredor da espécie humana. A dor cedia alguma vez, mas cedia à indiferença, que era um sono sem sonhos, ou ao prazer, que era uma dor bastarda. Então o homem, flagelado e rebelde, corria diante da fatalidade das cousas, atrás de uma figura nebulosa e esquiva, feita de retalhos, um retalho de impalpável, outro de improvável, outro de invisível, cosidos todos a ponto precário, com a agulha da imaginação; e essa figura, - nada menos que a quimera da felicidade, - ou lhe fugia perpetuamente, ou deixava-se apanhar pela fralda, e o homem a cingia ao peito, e então ela ria, como um escárnio, e sumia-se, como uma ilusão.

Machado de Assis, in 'Memórias Póstumas de Brás Cubas'

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Outra Página





Outra página


Mais uma página fora escrita,
Pedaços me minha essência deixada no papel,
Transcritas de formas variadas,
Do vai e vem de dias e horas fragmentadas,
De tudo o que um dia foi e deixou de ser,
E tudo o que quer se transformar novamente.

Procuro em prateleiras empoeiradas
Algo que me tire desta realidade
E me transporte para outra,
Distante de todas minhas angustias,
E que me traga novidades,
E que me traga você;
Mas os traços não foram precisos,
E essas linhas ainda não estão escritas...

As vezes me deparo
De frente com a tristeza em dias silenciosos,
O gotejar de horas melancólicas
Pingando recordações adormecidas,
O debruçar no leito espinhoso de nostalgia
Em um estado agônico de paralisia e tédio.

Em meio à poeira dos livros,
E as traças ferozes dos pensamentos,
Guardo um suspiro de paixão contida,
Um pedaço de amor fragmentado,
Um desejo de cores desbotadas
E uma vontade quase silenciada.

São entre as linhas de papel amarelado
Que rabisco meus sonhos obscuros,
Transcrevendo o amor fugitivo
E suas cicatrizas sangrentas que muito me falam,
Do que poderiamos ter feito
Mas deixamos tudo guardado.

E outra página logo se escreve
Entre sentimentos e lembranças,
Gritos que se desenham nas bordas do tempo,
E que gotejam em sonhos cinzentos,
Como folhas de um livro manchado,
Sem gravuras, só as linhas que foram riscadas...


W. R. C.



sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Um convite soprado pelo vento








Um convite soprado pelo vento


Mergulho profundamente em meus pensamentos,
Retiro das profundezas o fogo do amor,
A engrenagem enferrujada começa a girar,
As brumas se dissipam, os portões se abrem devagar;
Esqueça tudo aquilo que já lhe causou dor,
Se entregue, deixe-se levar pelas águas dos sentimentos.

Um convite soprado pelo vento:
_Agora só falta você , me dê sua mão,
Saia dessa caverna escura, venha ver a luz,
Sentir o calor que tem essa paixão,
E os versos intimos que agora compus,
Se encaixam nos sonhos do presente,
Reflexos do espelho da alma revelam aquilo que se sente.

Abra as janelas do céu, as portas da mente,
Permita que o amor construa morada
No intimo de seu coração,
Siga sem medo por essa jornada,
Escute a melodia dessa nova canção,
Deixe o passado para traz e olhe para frente.

Para não dizer que nunca tentou, tente,
A estrada pode ter pedras e espinhos em seu caminho,
Mas a chama do amor incendeia e inflama,
E no aconchego de nosso ninho
A paixão transborda e derrama
Tudo aquilo que esteve guardado ou ausente.



W. R. C.


quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Não Feche Seus Olhos





Não feche seus olhos



Feche a porta e apague a luz...
Deixe o silêncio se propagar,
E todos os pensamentos perdidos:
Desejos cativos...
Prisões sem muros...
Estradas em ruínas...
Vontades que sobem, que descem...
A mente construindo seus cenários
Em um redemoinho de sensações e sentidos
Em cada segundo de seu dia.
As horas passam em um gotejar de saudades,
Os sonhos são as realizações ocultas dos desejos,
Ainda espero um beijo seu,
Você em meus braços, nós dois se tornando um;
Ou apenas um adeus sem demora,
Para seguirmos nossos caminhos.
Coração acelerado...
Lágrimas... Escuridão...
Risos descontrolados...
Procura em ascensão...
Os campos que outrora eram floridos,
Já não tem mais cores, estão secos,
Pois sua mais bela flor se foi.
Melancolia...Soluços...
Dor... Tristeza...
Celebrações, Urros...
Alegria e paz...
Sentimentos que vem e que vão,
Se alternando de formas variadas
Entre os bons e os ruins...
Escute os passos no jardim,
Eles pisam em folhas mortas e amareladas,
Passos sorrateiros,
Caminho de espinhos,
Repleto de flores:
Rosas brancas...
Sangue em finas gotas...
Rosas que se tornam vermelhas...
Densa é névoa que forma seu círculo,
Devaneios e realidade que se mesclam.
Vida curta...
Vida intensa...
Vida em espiral...
No frio de cada manhã uma lágrima,
O despertar sonolento,
Outra mágoa,
Sorrisos vendidos em uma esquina,
Alegrias aos montes engarrafadas,
Pensamento que vaga e se perde no ar,
Imagem que desaparece diante dos olhos...
Onde estão todas estas malditas chaves,
Porque existem tantas portas ainda trancadas?
Não feche seus olhos agora,
Este silêncio é agonizante,
A distância constrói suas muralhas,
As coisas não são o que parecem ser,
As mudanças transformam o ambiente,
Não são o que foram um dia;
Não saberemos como serão amanhã,
E vivemos nas asas da esperança,
Os sonhos já não são mais como antes.



W. R. C.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

16 Agosto dia do Filósofo



A figura do filósofo tem a sua importância, ele reflete sobre todas as coisas cotidianas e essenciais. A Filosofia data do século IV A.C., surgiu na Grécia Antiga, como uma atividade especial do homem sábio, o amigo do saber (filo + sophia = amor à sabedoria).Desde então inúmeras foram as tentativas de definir exatamente o que procura e o que faz um filósofo. Apesar do reconhecimento, as opiniões são imprecisas e divergentes em relação a determinar qual a sua verdadeira ciência. Aristóteles, discípulo de Platão e fundador do Liceu, uma escola voltada para o saber e a ciência que ele instalou em Atenas no mesmo século IV A.C., fez uma das mais claras exposições sobre as qualidades da filosofia.
Em todos os ramos do conhecimento a presença do filósofo pode ser sentida. Seja defendendo, seja criticando, os filósofos procuram marcar suas posições diante de toda atividade humana que envolva a reflexão. Sempre na esperança de poder encontrar algum critério ou princípio que justifique uma tomada de decisão ou uma argumentação qualquer. Da religião às artes, buscou-se, muitas vezes em vão, fornecer algum esclarecimento sobre a melhor maneira de se posicionar a respeito dos assuntos mais interessantes do ponto de vista humano.
A principal característica é a de que ele não é um especialista. O sophós, o sábio, é um conhecedor de todas as coisas sem possuir uma ciência específica. O seu olhar derrama-se pelo mundo, sua curiosidade insaciável o faz investigar tanto os mistérios do cosmo e da physis, a natureza, como as que dizem respeito ao homem e à sociedade. No fundo, o filósofo é um desvelador, alguém que afasta o véu daquilo que está a encobrir os nossos olhos e procura mostrar os objetos na sua forma e posição original, agindo como alguém que encontra uma estátua jogada no fundo do mar coberta de musgo e algas, e gradativamente, afastando-as uma a uma, vem a revelar-nos a sua bela forma e esplendor.



Os Sete Sábios da Grécia


A Lenda relaciona entre si sete nomes de figuras antigas, grupo de filósofos e estadistas gregos, dos séculos VII-VI a. C., que granjearam grande prestígio e se distinguiram pela sua sabedoria. O nome dos sábios varia, conforme a fonte que os nomeia. Mas o texto mais antigo que refere os Sete Sábios da Grécia é o Protágoras (342e-343b), de Platão, que diz que o grupo é constituído por: Tales de Mileto, Pítaco de Mitelene, Bias de Priene, Sólon de Atenas, Cleobulo de Lindos, Míson de Queneia (noutros textos aparece Periandro de Corinto) e Quílon de Lacedemónia.

A eles atribuem-se breves sentenças morais (ou máximas), algumas das quais se tornaram famosas. As frases são todas, como se observará, de natureza prática e moral. E demonstram que a reflexão filosófica, na Grécia, situava-se no campo da sageza da vida, e não tanto na pura contemplação, como mais tarde virá a acontecer.
Vejamos:


1.Tales de Mileto

1.A ignorância é incómoda.
2.Conhece-te a ti mesmo.
3.Espera receber de teus filhos, quando fores velho, o mesmo tratamento que dispensaste a teus pais.
4.Evita as palavras que possam ferir os amigos.
5.Evita enriquecer por vias desonestas.
6.Evita os adornos exteriores e procura os interiores.
7.Perto ou longe, importa lembrar os amigos.
8.Quem promete falta.
9.Se és chefe, começa por saber dominar-te.

2.Pítaco de Mitilene

1.A ambição é insaciável.
2.Ama a educação, a temperança, a prudência, a verdade, a fidelidade, a experiência, a gentileza, a companhia dos outros, a exactidão, os cuidados domésticos, a arte e a piedade.
3.Dá-te ao respeito.
4.Não faças o que não gostares que te façam.
5.Não reveles projectos para, se falhares, não seres motivo de troça.
6.Sabe aproveitar a oportunidade
7.Sábio é quem sabe discernir o futuro; o passado é passado, mas o porvir é incerto.



3. Bias de Priene

1.A maioria é perversa.
2.Adolescente, sê activo; velho, sê sábio.
3.Aprende a saber ouvir.
4.Fala sempre com propósito
5.Não sejas, nem mau, nem tolo.
6.O cargo revela o homem.
7.Persuade pelo bem, e nunca pela força.
8.Reflecte nos teus actos.
9.Sê cuidadoso na realização de um projecto e, uma vez iniciado, prossegue sem desfalecimento.
10.Vê-te num espelho.

4. Sólon de Atenas

1.Aconselha o que for justo, não o que aches agradável.
2.Evita a mentira, confessando a verdade.
3.Evita o prazer, se ele for causa de remorso.
4.Guia-te pela razão.
5.Honra pai e mãe.
6.Mede as tuas palavras pelo silêncio e o silêncio pelas circunstâncias.
7.Nada em excesso.
8.Nunca digas tudo o que sabes.
9.Procura ser honesto, porque a honestidade é melhor do que uma palavra honrada.
10.Respeita os amigos.
11.Quando souberes obedecer, saberás chefiar.
12.Se exiges a honestidade dos outros, começa por ser honesto.
13.Toma a peito as coisas importantes.

5. Cleobulo de Lindos

1.A medida é coisa óptima.
2.A sabedoria é preferível à ignorância.
3.Aconselha rectamente os teus concidadãos.
4.Casa com uma mulher da tua condição; se casares com uma rica, em vez de sogros arranjarás patrões.
5.Considera inimigo público quem odiar o povo.
6.Cuidado com a língua.
7.Evitar a violência.
8.Evita acariciar a tua esposa em público; quem a desfruta em público procede mal, mas quem a acaricia, desperta paixões fúteis.
9.Que a nossa língua seja bendicente.

6. Míson de Queneia (noutros textos aparece o nome de Periandro de Corinto)

1.A democracia é preferível à tirania.
2.Guarda os segredos.
3.Indaga as palavras a partir das coisas, não as coisas a partir das palavras.
4.O estudo abarca todas as coisas.
5.Os prazeres são mortais, as virtudes, imortais.
6.Um lucro desonesto é uma calúnia contra o espírito.

7. Quílon de Lacedemónia

1.Cuida de ti mesmo.
2.Foge dos intriguistas.
3.Não desejes o impossível.
4.Não maldigas dos outros, para não ouvires críticas desagradáveis.
5.Põe a razão antes da língua.
6.Quando beberes, fala pouco para não cometeres indiscrições.
7.Respeita os velhos.




Na filosofia se diz: “que dizer uma palavra requer um pensamento, que por sua vez é um sinal representativo depositado no mundo intermediário do fluído astral, que por sua vez é o espelho de todas as manifestações do ser”


segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Primeiros passos







Primeiros passos



O astro solar brilha forte no céu,
Pensamentos que vem e vão,
Presente... Passado...
Sonho... Futuro...
Uma constelação distante de brilho argírico,
Guarda segredos de uma nova era,
Portas em tons éboreo reluzente,
Pedidos... Desejos...
Vontades... Saudade...
Palavras que sobem ao alto,
Que chegam aos pés do altíssimo,
Que querem ser ouvidas.
Dia especial sensação agradável,
Transitam por minha corrente sanguínea
Paixões, amores, sonhos, procura,
Circulam por minha mente,
Lembranças de momentos,
A falta que isso traz,
O ontem querendo ser hoje,
O amanhã querendo ser agora,
Eu e você em todos os sentidos,
Com todas sensações possíveis.
Seguindo a rua extensa,
O grande mar da vida,
Comece a navegar em sua pequena embarcação,
Em direção ao nascer do sol,
Sem medo, sem drama, sem roupas,
Despido da vergonha de ser feliz,
De fazer como tiver que ser feito,
Alguém muito feliz.
Seguindo em direção ao horizonte,
Onde tudo começou com o nascer do sol,
Com seus raios dourados, com sua luz,
O inicio dessa jornada onírica,
Em direção a um amanhecer de novidades,
Os primeiros passos começam agora.




W. R. C.


sábado, 13 de agosto de 2011

É Lua Cheia





É Lua Cheia


Olhe para o céu, é lua cheia,
Nesta noite onde os amantes se escondem
De olhares curiosos, se escondem no abraço
Um do outro, em cada beijo compartilhado,
Em cada sussurro ao pé do ouvido,
E palavras que deixam guardadas,
No fundo do peito; em cada linha riscada...
Toque uma melodia ao grande luar,
Deixe seus sentidos se propagarem,
Seu corpo se incendiar,
Sua mente se expandir,
Seus desejos e suas vontades se realizarem,
Abra uma porta para o amanhã...

É lua cheia, olhe para o alto,
Sinta seu magnetismo, sua força,
Que intensifica a paixão e inflama a alma,
Quando em meio aos vapores noturnos
Nos deixamos levar pelos pensamentos,
Envoltos pelo brilho do luar e cada sensação
Trazida nas asas de uma recordação ou
Surgidas no silêncio do presente,
Carregadas de sentimentos e emoções,
Que fizeram o ontem e fazem o hoje,
Sobre a luz prateada deste luar
Um novo caminho; verdades e espera,
Procuras e conquistas;
Um gole de vinho, um beijo, um sonho ...

É lua cheia, escolha um bom vinho,
Celebre sua renovação,
O desapego do antigo que já não serve mais,
E o bom que existiu, que fique bem guardado,
E que possa existir novamente se assim for possível.
Abra espaço para o novo,
Permita que o agora siga seu curso
Passo a passo em direção ao amanhã,
A renovação de conceitos, de ditos e feitos,
De novidades que estão por vir,
Uma nova forma de caminhar pela vida...
Deixe-se conduzir, suba bem alto,
E grite aos quatro cantos,
E chame os cinco elementos,
Sinta todo o magnetismo desse luar...

É lua cheia, pétalas de sentidos
Se despedaçaram pela vida,
E sentimentos se propagaram no ar;
Cada gesto, cada súplica subiu aos céus,
Em direção às mudanças que estão por vir,
Caminhos novos e campos férteis
Esperando nossas sementes,
Transformando nossos sentidos,
Colorindo nossos sonhos,
Com a força dos elementos
E o brilho do grande luar...


W. R. C.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

José Ortega y Gasset









José Ortega y Gasset
Espanha:1883 // 1955


O Amor Busca para que o Entendimento Encontre

Não basta a agudeza intelectual para descobrir uma coisa nova. Faz falta entusiasmo, amor prévio por essa coisa. O entendimento é uma lanterna que necessita de ir dirigida por uma mão, e a mão necessita de ir mobilizada por um anseio pré-existente para este ou outro tipo de possíveis coisas. Em definitivo, somente se encontra o que se busca e o entendimento encontra porque o amor busca. Por isso todas as ciências começaram por ser entusiasmos de amadores. A pedanteria contemporânea desprestigiou esta palavra; mas amador é o mais que se pode ser com respeito a alguma coisa, pelo menos é o germe todo. E o mesmo diríamos do dilettante - que significa o amante. O amor busca para que o entendimento encontre. Grande tema para uma longa e fértil conversa, este que consistiria em demonstrar como o ser que busca é a própria essência do amor! Pensaram vocês na surpreendente contextura do buscar? O que busca não tem, não conhece ainda aquilo que busca e, por outra parte, buscar é já ter de antemão e conjecturar o que se busca.Buscar é antecipar uma realidade ainda inexistente, preparar o seu aparecimento, a sua apresentação. Não compreende o que é o amor quem, como é habitual, se fixa somente no que desperta e desfecha um amor. Se o amor por uma mulher nasce pela sua beleza, não é a complacência nessa beleza o que constitui o amor, o estar amando. Uma vez desperto e nascido, o amor consiste em emitir constantemente como uma atmosfera favorável, como uma luz leal, benévola, em que envolvemos o ser amado - de modo que todas as outras qualidades e perfeições que nele haja poderão revelar-se, manifestar-se e nós as reconheceremos. O ódio, pelo contrário, coloca o ser odiado sob uma luz negativa e só vemos os seus defeitos. O amor, portanto, prepara, predispõe as possíveis perfeições do amado. Por isso nos enriquece fazendo-nos ver o que sem ele não veríamos. Sobretudo, o amor do homem pela mulher é como uma tentativa de transmigração, de ir para lá de nós mesmos; inspira-nos tendências migratórias.


Ortega y Gasset, in 'O Que é a Filosofia?'

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

O sonho não está morto






O sonho não está morto


Suba tão alto, o ponto mais alto para ver,
Caia em devaneios e buscas incansáveis,
Um plano de fuga e equilíbrio para todos,
Um pequeno pedaço nesse imenso mundo,
Um avanço ao futuro, a euforia é grande,
Mais dinheiro ganho, mais tempo emprestado,
O gotejar de planos e metas,
Partículas montadas, fragmentos vividos,
Atirado em um canto, alcançado na corrida,
Meios para um fim terminado subitamente,
Alvo não atingido, pensamento constante,
A perspectiva não está perdida no espírito da caçada,
No pódio de chegada desta corrida sem fim.
A morte de um sonho, o nascimento de uma realidade,
Novos sonhos para se viver...
Aquelas visões nunca vistas,
Aqueles olhos que te observam,
Em sonhos de cores variadas,
Coração que ainda bate faminto,
Insaciável é o desejo,
Fagulhas escritas, promessas guardadas,
A morte de um sonho, o nascimento da saudade,
Novos sonhos para se viver....
Terra estéril que uma vez supriu uma necessidade,
Vontade latente agonizando em sede,
Flores e folhas que agora secam,
Palavras levada pelo vento, linhas rabiscadas,
Sussurros e gemidos ao entardecer,
Escapulindo de uma mão de ferro,
E de um coração enclausurado,
Entre os sonhos e a realidade.
As balanças da natureza são forçadas a inclinar,
Pendem ao presente e suas buscas,
O pendulo dos sentimentos sempre balança,
As terras centrais choram a perda de todo sentimento,
Que fora amordaçado pelo tempo,
O amor escorre pelos contos lentamente
Para partir não acreditando,
Então tente e seja examinado,
Calcule os lados de suas emoções, suas paixões,
Fundos insuficientes, insanidade e tédio,
Mas não desista de tentar novamente,
Algo novo, algo que pode existir outra vez...
Agora com nova esperança alguns estarão orgulhosos,
Com sementes e brotos nas mãos,
Um novo cenário, uma nova página,
Isso não é nenhuma farsa, ninguém é forçado,
Aqui cavamos nossas próprias sepulturas,
Ou erguemos nossas fortalezas;
Receba uma ajuda que venha do além,
Do outro lado da compreensão humana,
Plante flores no lugar de espinhos,
Colha sorrisos no lugar de lágrimas,
Abra novos caminhos de uma nova fronteira,
Seja o primeiro à atirar a pedra
Em direção ao espelho embaçado,
Ideias novas irão surgir certamente,
Sentimentos profundos, e descobertas,
Nenhum feito deconexo, ou dividendo,
Apenas somas e multiplicações...
Alguns podem perguntar, Por quê?
Você achará a solução, a resposta está no céu,
Entre estrelas brilhantes e constelações,
Entre hoje, ontem e o amanhã...


W. R. C.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Espero






Espero

Subo aos céus em um salto só,
Buscando janelas que mostrem a verdade,
Que desenhe sentimentos, que expulse a saudade,
No barro que somos feitos, nas cinzas, no pó.

Minhas palavras parecem perdidas,
Na noite escura no tempo enfim,
Esse sentimento latente em mim,
No labirinto só quer encontrar a saída.

Você surge sempre sorrindo,
Iluminando minhas noites com cores douradas,
Mas quando sua barca segue a estrada,
As luzes brilhantes vão sumindo.

Sozinhos sombras surgem em sonhos,
Seu rosto distante e oculto de mim,
A realidade é essa, é assim,
Só o tempo abrirá uma passagem.

Algumas almas ainda almejam
Encontrar um amor puro e perfeito,
Mas a procura é incerta não tem jeito,
O amanhã é nebuloso, as pedras que jogamos voltam.

Ainda espero por aqui parado,
Você abrir suas portas e eu as minhas,
O tempo escrever suas precisas linhas:
Espero em silêncio, espero calado.

W. R. C.


sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Deixe Sua Voz Ecoar





Deixe sua voz que ecoar


Que música é essa que grita em min'alma e me faz tremer, canta em mim, em meus sonhos, em minhas vontades ! É o que plantei a noite, é o que nem sei se existe?
Agora se propaga com meus sentimentos, com as sombras de minha solidão, da paixão,do pensamento, de tudo aquilo que senti e mexeu comigo, e que sempre volta a mexer em alguns sonhos cinzentos.
As flores deixarão suas pétalas no asfalto, seu cheiro profundo se propagou pela noite em fim, fragmentando sentidos, dividindo sensações, espalhando sonhos e vontades;
O despedaçar da rosa única e seus aromas agradáveis que surgem poucas vezes na vida...
Passos incertos... Mundos distintos... Cores diversas... Presente com suas máscaras e segredos, vozes e inúmeros conceitos; todos nós temos, todos nós tememos, a verdade é tão séria que ninguém leva a sério, tão gritante que ninguém escuta...
Não sabemos lidar com sentimentos, o amor hoje: _Credo; é um brinquedo de plástico que ninguém sabe brincar, ninguém sabe jogar, todos tentam manusear e se perdem, e desistem, e ferem seus dedos, e sempre procuram, e nunca encontram e quando o tem não o sabem...
O homem sente dor por não saber que a vida é tão simples, que tudo pode estar a nosso alcance e mesmo assim deixamos passar, por não perceber a sensibilidade dos fatos, por deixar evaporar fragmentos importantes, perdido em seu medo de viver e de acreditar no presente; achando que as dores passadas nunca vão passar, e que o agora será doloroso e imprevisível.
Hoje, o instante, este mesmo que estamos a pensar, tão oculto e incerto, Carregado de sonhos, repleto de vontades, onde os olhos veem o que tanto buscamos, desaparecer de repente, em meio sombras do submundo agitado e suas ecolhas precipitadas; tantas procuras, tantos desejos, e um mesmo ideal, tantas portas, tantas esquinas, e apenas um caminho, a certeza inevitável para todos nós...
Em meio devaneios e segredos em nós mesmos, tudo se mescla em uma massa disforme de oportunidades, escolhas e consequências, caminhos e arrependimentos, acertos e glórias; o livre arbítrio, a vontade que nunca tem fim, a sede que o homem não sabe saciar...
Agora vemos tudo pelo avesso ao contrário, a procura nunca deu certo, nunca foi precisa, não sabemos o que procurar, não achamos nós mesmos em meio nossos dias agitados, nos perdemos no labirinto disforme de nossas consciências; nem quando tentamos nos encaixar em outros, dedicando tudo aquilo que sentimos: _É, sim, é algo indescritível, não se pode compartilhar, muito pessoal, muito profundo, mesmo se quisesse, os outros não dariam ouvido, por estarem também perdidos em seus labirintos pessoais ...
As palavras sempre tiveram poder, será que ainda tem hoje, em meio a distância e a correria do mundo, um amor fora de época, para quem ainda tenta amar, ultrapassado na visão atual?
Nunca se sabe, nunca saberemos... Até aonde vai nossas escolhas, a liberdade que temos de buscar tudo, de nos perder em nós mesmos, de perder tudo, e nunca encontrar algo concreto, mesmo encontrando novidades todos os dias? _Somos seres insaciáveis...
Eterna procura, busca incerta, vida fluindo... Loucos são aqueles que nunca tentaram gritar, sua voz silenciosa porem profunda, que ecoa no mundo, que se propaga por entre os recantos da existência, deixando uma marca de cor única no fundo dos sentimentos, na loucura de cada pensamento, no instante de cada ato praticado...
Tudo que vemos é o que nossos ollhos tolos querem ver, a verdade é dolorosa, a realidade mentirosa, os fatos escandalosos; sempre tentando ocultar o presente e tudo que a gente sente.
Não posso acreditar que algo acabe antes de começar, ou que comece morto antes de ter nascido, por causa do medo e os fantasmas do passado... Eu acredito , eu ainda sinto,
eu quero tanto, caminhar por corredores novos neste labirinto de vida, abrir portas para cenários mais belos e seguir a busca por meu eterno aprendizado... E o amor insiste, briga, persiste, e quer acreditar...
Não deixe sua voz se calar, não deixe se evaporar... Grite... Deixe sua voz ecoar...
Veja no reflexo que se faz, tente enxergar o brilho de seus olhos, cada dia que se vai, portas que se abrem. que se fecham, tudo que foi escrito, que ficou em cadernos amarelados, tudo que foi apagado, que ficou guardado, ou de forma brusca rasgado; tudo cai no curso pluvial das águas em direção ao mar da vida...
Assim também são nossos sentimentos, nossos sentidos, alguns amores inesquecíveis, ao leito das águas se cai, pelas curvas do rio se vai seguindo para o oceano imenso, onde virão as tempestades, as noites sem lua, a saudade de casa e daqueles que um dia amamos, novos portos, novas praias, novas terras; mas sempre irá ficar guardado no fundo do peito uma fagulha do que um dia existiu, uma pequena semente esperando para germinar, adormecida pelas circunstâncias da vida, pelos dias que não se casaram e as horas que não entraram no mesmo compasso...
E assim continue olhando o seu reflexo, tente ver o amanhã por trás das ondas que se formam, deixe-se levar pelas águas até um porto seguro, uma ilha verdejante chamada vida, tente esquecer todas as dores e suas ervas daninhas, semeie novas sementes, e colhas seus doces frutos, e verá que o amanhã está apenas começando...
Deixe sua voz ecoar...


W. R. C.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Bocage






Sonho

De suspirar em vão já fatigado,
Dando trégua a meus males eu dormia;
Eis que junto de mim sonhei que via
Da Morte o gesto lívido e mirrado:

Curva foice no punho descarnado
Sustentava a cruel, e me dizia:
Eu venho terminar tua agonia;
Morre, não penes mais, ó desgraçado!

Quis ferir-me, e de Amor foi atalhada,
Que armado de cruentos passadores
Aparece, e lhe diz com voz irada:

Emprega noutro objeto teus rigores;
Que esta vida infeliz está guardada
Para vítima só de meus furores.

Bocage

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Aquela Manhã





Aquela manhã


A manhã chega cedo demais,
E a noite cai tardiamente,
Trazendo suas perguntas,
Ocultando algumas respostas,
E às vezes tudo o que quero fazer é esperar,
Um outro capitulo, uma nova estação!

A sombra na qual estive me escondendo
Fugiu de mim hoje,
Eu sei que é mais fácil ir embora
Do que olhar isto no olho,
Dizer tudo o que se sente;
Mas eu irei levantar um abrigo ao céu
E embaixo de alguma estrela hoje à noite deitarei,
Ela irá lentamente ceder à luz
Enquanto eu desperto da noite mais longa,
E das sensações mais dolorosas...

Os sonhos estão agitados
Faz com que as sereias acordem com olhos cansados,
Com a luz, as memórias, os sentimentos;
Tudo se embaralha em minha cabeça...
Perto de uma vela há um espelho,
Refletindo minha tristeza e minhas vontades,
Reflexo d'alma, imagem distorcida,
Coisas que vão surgindo, que vão sumindo.

Coração e alma agora dançam,
Estão dançando através das estações
E andando em direção à janela,
Me jogo contra a parede,
Despenco em meus conceitos,
Este muro enegrecido de saudade,
Uma torre de marfim onde chamo um nome,
Que nem sei se algum dia me escutou...
Deixe a luz te envolver, e os pensamentos fluírem,
Faz muito, muito tempo, as horas se arrastam,
O despedaçar dos sentimentos,
E no fim apenas vemos a mudança,
Da luz para o escuro...
Do escuro para a luz...

O paraíso deve ser mais do que isso,
Quando os anjos acordam com um beijo,
E os demônios sopram suas canções à noite;
Corações sagrados não levarão a dor
Mas o meu nunca mais será o mesmo,
Bate em ritmos diversos e ecoa distante,
Grita em profundo silêncio
E sua sombra lentamente some da parede...

Em meus sonhos ainda reside,
Figura angelical a colorir devaneios,
Sussurra palavras para clarear minha mente,
O fogo de seus lábios conforta meu coração,
O calor de seu corpo acalmaria minh'alma;
Eu uma vez pude ver mas agora finalmente,
Estou cego... Ainda faminto...
Tudo se foi... Não sei se volta mais...

Não tive tempo de organizar pensamentos,
Traçar uma rota segura em meio aos espinhos
Que iam se formando, no jardim de minhas insanidades,
Tentei contar tudo, expor todas as cartas,
Em papéis de telas virtuais,
Mas eu dei tudo aquilo que pude pegar,
E o que tive evaporou no ar quente daquela manhã,
Onde não mais podia olhar em seus olhos...

E agora só tenho hábitos a quebrar,
Paredes a destruir, pilares a desmontar,
Lágrimas a secar, passos a seguir;
Esta noite eu ainda deitarei aqui,
Debaixo de uma estrela qualquer,
E a lua nova brilhando no céu
Envolto por toda a luz de minhas lembranças...

W. R. C.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Apenas um instante





Apenas um instante


Ruas de pedras, alma de vidro,
Frágil e quebradiça,
Tudo que quero neste instante
É um outro instante que ainda não tive;
Janelas silenciosas observam atônitas,
Os passos errantes do homem,
Em cada esquina que se encosta
E fica a remoer sentimentos e sentidos,
Cores que vão morrendo no intimo de seu ser,
Flores adormecidas no fundo do peito,
Vozes caladas por ruas cinzentas...

Cidades em ruínas, encontro inesperado,
Sussurros e sentidos que se mesclam,
Em um turbilhão de eras, de horas,
Em um, em outro, em tudo ao redor;
Cá estamos compartilhando sentimentos,
Reconstruindo vontades perdidas,
Levadas aos montes em cascatas de ventos,
Relembrando memórias passadas,
Perdidas entre soluços vermelhos,
Coexistindo com o presente e seus mistérios.

Sou o guardião de minhas paixões esquecidas,
Desilusões violetas escondidas,
Que foram tiradas de mim e trancadas,
Pelo tempo impiedoso, este carrasco,
Tudo arquivado em câmaras sombrias
Em telas de papéis enrolados,
Aprisionadas no intimo d'alma;
E eu aqui me encontro parado
Estátua em pedra polida,
Tentando lembrar onde estão as chaves,
Imaginando se essas paixões ainda vivem.

Sigo essa estrada de terra e concreto,
Molhada pela chuva de todos os que choram
Em direção a minha morada de silêncio,
Onde posso rever meus sentimentos,
O pouco que pode ter restado,
E que flutua em sonhos de néon;
Ver o que ainda pode florescer,
E o que tem que ser enterrado de uma vez,
Em tumbas de memórias guardadas;
Vou a passos lentos, sem pressa,
Sei que o amanhã ainda irá me esperar,
Mesmo que seja para me dizer adeus...


W. R. C.