sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Somos nós




  Palavras nunca são suficientes, pensamentos não tem fim,
os pássaros em meu jardim estão em silêncio, quase não sinto
meus batimentos cardíacos, quase  não sinto os seus, este céu cinzento, 
este vento frio, esta dor no peito, este vazio; tudo se mistura
de forma complexa, sou eu, é você, somos nós, ontem,
hoje, daqui a pouco, amanhã, o tempo em seu gotejar mágico,
a saudade e seu gosto amargo, o desejo e seus doces aromas...
  As linhas saem tortas de forma certa, talvez; 
mas sempre continuaremos escrevendo, até o último suspiro,
a linha derradeira antes da morte, essa certeza inevitável,
quanta coisa irá passar até esse instante, a hora zero,
coisas boas, ruins, quantos acertos, quantos erros, enfim,
um turbilhão de novidades em cada lugar, em cada entardecer.
  Um estrondo estremece os céus, um grito mudo ecoa n'alma,
anoitecer de sentimentos e suas vontades caladas,
mais um gole na vida em uma esquina qualquer;
somos nós nessa procura interminável, somos nós com nossa sede
inesgotável, famintos e desesperados...
  Vamos sacie sua fome, sacie sua sede, todos os seus desejos,
suas vontades, como se não houvesse amanhã,
inspire sua última respiração como se fosse a primeira, morda
a maçã que está a sua espera, dê o primeiro passo e não olhe mais para trás;
as peças vão se encaixando devagar, seus olhos vão se abrindo,
perceba o que tem ao redor, sinta a brisa suave, o fogo que corre em suas veias,
e saiba que isso é somente seu...


W. R. C.   
 

 




quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Qual é a realidade?



Qual é a realidade?


Sinto essa fria brisa 
Esperando minha última respiração,
Que explode em meu peito e corre por minhas veias;
Do outro lado da cidade o espelho chama meu nome,
Quer me mostrar novidades,
Quer me mostrar novos caminhos...
No meio da escuridão entre folhas mortas,
A ponte aparece e um rosto entre a névoa,
Eu pulo para dentro do lado escuro,
Despenco sem saber se voltarei,
Sem saber para onde irei,
Eu ouço uma voz, fria como gelo,
Sussurra em meus ouvidos:
_Bem vindo a realidade!...
O que são essas cores, onde eu estou agora?
A escuridão me cerca, a luz foge de mim,
Não posso ir adiante, não posso voltar...
Eu vejo o planeta morrendo,
O homem o consumindo devagar,
Eu vejo as pessoas abrindo suas caixas vazias,
Seu peito nu  em tremenda indiferença,
Prontas a cuspirem seus venenos,
A destilarem sua peçonha nos olhos dos que os veem.
Eu olho do outo lado da  rua, 
Eu olho atrás do espelho,
Entre as frestas enegecidas do tempo,
Tento correr em direção ao silêncio,
Estou perdido no corredor do crepúsculo,
Entre fogo e sangue, lágrimas e soluços,
Palavras duras e gritos mudos,
Pedras que caem, rostos que somem...
Qual é a realidade?
Algum dia eu irei voltar por um instante no tempo,
E verei novamente os bosques verdejantes,
As noites de cores brilhantes,
Algum dia plantarei novas sementes;
Será quando o espelho estiver caido
E seus cacos de vida estiverem no chão.
E agora nesta realidade,
Já não existe mais cores aqui,
Me leve embora do lugar que eu estive,
Para o outro lado da página
Aos castelos de mil portas.
Mas qual é a realidade,
Onde deveremos estar, 
Qual porta será a certa?  
Sentimentos que se esfriam... Vozes que se calam...
Vida... Morte... Destino... Sorte...
Pedaços que se constroem... Que se destroem...
E todos os corações endurecidos;
Olhares vazios, uma busca sem fim,
Vontades gritantes num silêncio agonizante... 



W. R. C.  

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Fausto


Prologo do Autor


Rodeais-me de novo, aereos vultos,
Que a turva vista outrora vos mostraste.
Tentarei desta vez aqui reter-vos?
E a  tal ilusão inda propenso
Será meu coração? Aproximai-vos!
Pois bem, reinai potentes, ressurgidos
Da vaporosa névoa do passado;
Mágico  sopro que esvoaça em torno
De vós, memórias acordadas em meu peito
Da juventude e seu sentir ardente.

Trazei convosco de bem doces dias
A saudosa lembrança. Sombras caras
Ressurgem numerosas; qual remota
Tradição esquecida vão volvendo
Primeiro amor, antigas amizades;
A memória cruel com dor recorda
A marcha errante que seguiu a vida,
E nobre peito lembra, que, frustados
Pela sorte de dias deleitosos,
Antes de mim e a vida terminarem.
Meus derradeiros cantos não escutam
Aqueles para quem cantei primeiro;
Dispersa jaz essa falange amiga,
E mudos, ai! Os ecos despertados
Nesse tempo feliz. Minhas endeixas
Por entre turba incógnita ressoam,
De que o louvor mesmo me  intristece;
Espalhados, errantes são no mundo
Os que meu canto amavam inda vivem.

Saudade, a que já estava desafeito,
Daqueles nobres, plácidos espíritos,
De mim se apossa, e qual éolia lira
Só vagos cantos o meu  estro entoa;
Estremeço, de lágrimas banhado
Comovido se  sente o peito austero,
Em presente o passado eis se converte.



Johann  Wolfgang von  Goethe

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Gritos Mudos



Gritos Mudos


O pensamento não se silencia,
Borboletas florescentes e abelhas vermelhas
Passeiam nos jardins de minhas memórias,
Esse rosto de anjo de asas azuis,
Esse perfume de flores cristalinas
Que brotam em meus sonhos de neon,
Lembranças de passeios ao luar...

Mais um gole de vinho,
Outro suspiro de madeira
E uma lágrima de vulcão,
Sussurros retorcidos chamam seu nome,
Ossos cinzentos de ontem,
Portas douradas de amanhã,
Uma dança de flores e pássaros,
Um coração sedento de amores.

Essa música com cara de saudade,
Recordações transparentes,
Reluzentes sentimentos que ainda existem
Atravessam a rua de ponte flutuante,
Sensação que explode o peito agora,
Pequenos pedaços procurando o caminho de casa.

Palhaço de duas cores, preto e branco,
Cançado de seus pés, de seu reflexo no espelho;
Página de espinhos virados,
Histórias de começo sem fim,
De fim sem começo,
Inicio da estrada invertida,
Inversão dos nomes e suas letras. 

Palavras de sons cinzentos, 
Nuvens de cores gritantes,
Saudade faminta e feroz,
Vontades guardadas em gavetas escondidas,
Folhas amarelas, linhas tortas no papel.

Em espiral desce, girando sobe,
Retorcidos sentimentos,
A boca quer gritar o que o coração diz,
Gritos que quase saem mudos,
O céu em finas lágrimas desaba em pranto,
Ofuscando ainda mais a minha voz...


W. R. C.
 



terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Silencioso

Silencioso



Uma pedra jogada para cima,
Um rosto familiar em uma fotografia,
Uma maçã mordida em cima da mesa,
Uma pergunta bem colocada...
É o silêncio como uma febre,
Um sussuro em nossa alma?
Uma voz nunca ouvida,
Uma gota no imenso mar,
Ou uma mensagem sem destino? 
Reze para que não perguntem,
Reze para que não respondam,
E nem vejam novamente seu rosto
Ou escutem os batimentos de seu coração;
Atrás do vidro manchado
Há sempre mais uma máscara.
Foi o homem vitima de suas palavras,
De seus pensamentos profundos?
Foi o homem o poeta semeador,
De suas loucuras sóbrias, de suas vontades?
Se ele  decidir não perturbar,
Sufocará suas ideias?
Desesperado para cair
Por trás da grande muralha,
E rasgar o véu escuro que separa todos nós...
Quando há motivo, quando o sono não vem,
Esta noite eu estarei acordado;
Quando não há respostas,
E todas as perrguntas se findaram,
Escorrendo pelo ralo negro do acaso,
Silencioso é o som das sombras.
Se há equilíbrio, se as moscas desapareceram,
É bom estar acordado, mesmo em silêncio,
Se há sonhos perdidos, e a chuva deixou de falar,
É bom esperar, mesmo que nunca chegue.
Pecado sem impostores,
Um Deus sem seguidores,
Um demônio sem maldades;
Em águas turvas eu poderia velejar,
Sobre os ventos do silêncio,
Sobre as brumas da saudade,
E talvez eles não percebessem,
Mas dessa vez eu penso
Que será melhor se eu nadar...



W. R. C. 

 

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Dança da Serpente



Dança da Serpente


O vinho lentamente desnorteia e embriaga meu ser, 
Conduzindo-me aos sombrios confins da existência,
Deste agradável e constante entorpecer
Posso sentir no corpo e  n'alma  essa dormência,
Que me guia a regiões obscuras de gozo e prazer.

E acompanhado pelo céu, as estrelas e a lua,
Quero me perder no denso e frio nevoeiro,
Onde vejo um vulto de mulher dançar nua
Entre as flores, os espinhos e os salgueiros,
E que me diz: _Essa noite serei só sua!...

_Venha desfrutar dos prazeres da noite e suas alegrias,
Dançe comigo no ardente e enebriante circulo de fogo,
Deixe-se levar pelas emoções dessa nova orgia,
Não tenha medo, se entregue de vez neste jogo
De prazeres ilimitados, devaneios e magia.

Sussurrando em meus ouvidos o meu nome,
Observo seus sorrateiros movimentos de serpente,
Sinto uma constante e ardente chama que me consome,
Nessa dança fascinante, bela e envolvente,
De sedução, volupituosidade, paixão e fome.  



W. R. C. 
 

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Sentindo



  O pensamento vaga distante, o sentimento se perde no nevoeiro
entre saudade e melancolia, palavaras constróem castelos de vidro,
paredes transparentes guardam vontades contidas, segredos
sussurados levado pelo vento, sem destino, perdidas entre o hoje 
e o ontem, o agora e o depois; sentado imóvel, entre  árvores, flores
e espinhos, sentindo o vento cortar a face pálida, sentindo as dores
que se criaram, sentindo o cheiro da naturteza viva, da natureza morta,
Sentindo em cada célula de meu corpo, estas sensações, estas estações,esta vontade
que grita em silêncio, sonhando os sonhos do passado, querendo
reinventar o presente, sentindo como se o ultimo dia fosse hoje,
e as ultimas horas fosse essas, sentindo saudade, fome, sede, frio,
vontade e ir embora , sentindo, apenas sentindo...


W. R. C.

Meu Sonho



Eu
Cavaleiro das armas escuras,
Onde vai pelas trevas impuras
Com a espada sangrenta na mão?
Por que brilham teus olhos ardentes
E gemidos nos lábios frementes
Vertem fogo do teu coração?

Cavaleiro, quem és? O remorso,
Do corcel te debruças no dorso
E cavalga pelo vale através.
Oh, da estrada acordando as poeiras,
Não escuta gritar as caveiras
E morder-te o fantasma nos pés?

Onde vai pelas trevas impuras,
Cavaleiro das armas escuras,
Macilento qual morto na tumba?
Tu escutas. Na longa montanha,
Um tropel teu galope acompanha?
E um clamor de vingança retumba?


Cavaleiro, quem és? O mistério,
Que te força da morte no império,
Pela noite assombrada a vagar?

O Fantasma
Sou o sonho de tua esperança,
Tua febre que nunca descança,
O delírio que te há de matar!. 



Ávares de Azevedo 


segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Janelas Fechadas



Janelas Fechadas


Entre espasmos e delírios,
Palavras sussurradas e desejo,
A semente semeada da primavera,
Uma praga saltou a frente de suas trilhas,
Uma vontade gritou além  do horizonte... 
Quem escutaria um lamento triste,
Quem traria conforto e paz,
Debaixo do céu azul brilhante,
Por traz das montanhas de prata
Onde os querubins vão para morrer
Com olhos tão fracos para chorar? 
Mas que o horror seja a penumbra do anoitecer,
E a saudade cortante dilacere o espírito,
Para o homen sobre a estrada,
O andarilho de sonhos transparentes,
De memórias éboreas reluzentes,
Quando a lua rir para as vidas sem valor,
E as estrelas chorarem sem pudor,
Duas vezes mais forte,
Tres vezes mais alto,
Para toda promessa mostrada.
Olhar vazio sobre o rosto dele,
Imagem distorcida diante do espelho,
Nove metros de profundidade,
Sete palmos talvez,
Ele pisou na estrada novamente,
E sentiu o asfalto pegar fogo,
Seus pés se incendiaram devagar,
Este terreno morto, esta estrada negra,
No chão onde não cresce semente alguma,
Em torno da floresta de pedras,
Observando todas suas janelas fechadas.


W. R. C. 


sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Castelo da Saudade





Castelo da Saudade


Vejo a chuva pela janela,
Finas gotas de lembrança e pesar,
A música ecoa por todo o recinto,
Coração em ritmo cinzento,
Como o aglorerado de nuvens no céu.

Brotam os espinhos em meu leito,
Caem as folhas sem respostas,
E por traz da muralha se esconde o sorriso,
Distante dos olhos, oculto em sombras,
A realidade construindo seus castelos de saudade.

No alto da torre ainda a espera,
Uma ultima linha, um grito, um sussurro,
A promessa de um amanhã cheio de cores,
De aromas que um dia sentiu,
De esquinas iluminadas por onde caminhou.

Impiedoso carrasco é o destino,
Que nos afasta do que amamos,
Passos que vão aonde não querem,
Corpos que não se unem mais,
Seres enclausurados cheio de fome e sede.

Os corredores de vidro, as portas secretas,
Caminhos desconhecidos e perigosos,
O presente sem cores, o castelo de horrores,
Palavras cantada ao vento,
Muralhas bombardeadas de sentimentos.

Um rosto no brilho do luar;
O que é isto que explode no peito
Que me arrasta para longe
E me conduz a morada de pedras?

Aqui o sol não brilha mais,
A fina chuva se mistura as lágrimas,
E por traz das paredes de concreto estou,
Sozinho no castelo da saudade.



W. R. C. 

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Ah, Tudo...

Ah, tudo... 


Ah, tudo é simbolo e analogia!
O vento que passa, a noite que esfria,
São outra coisa que a noite e o vento,
Sombras de vida e de pensamento.


Tudo que vemos é outra coisa.
A maré vasta,  a maré ansiosa,
E o eco da outra maré que está
Onde é real o mundo que há. 

Tudo o que temos é esquecimento.
A noite fria, o passar do vento,
São sombras de mão, cujo os gestos são 
A realidade desta ilusão.





Fernando Pessoa: Poemas Ocultistas

Flores Murchas



Flores Murchas


Jardim cinzento, murcha seja a flor,
Pedaços de sentimento, longincuo passado, 
Sua plenitude e beleza, seus momentos preciosos,
Tudo esquecido no leito de pedra
Entre sussurros de morte e lamentos de amores.


Essa silênciosa tumba na montanha,
De sorrisos sejam as lembranças,
Destas raizes que envolveram a alma,
Do sopro frio da noite escura,
Da sede insaciável que morre aos beijos,
Das flores sem perfume, de espinhos metálicos...

Lágrimas outora aqueceram o solo, 
Soluços azuis subiram aos céus,
Separou-se de olhos que não podiam mais chorar,
De um peito comprimido em dor,
Compaixão para o vento levar,
Lamento perdido, sussurro de amor.

Sentimentos pelo fio da espada,
Finas gotas de sangue em um solo sem vida,
Uma vida de paixão e ódio, 
Esse fogo faminto que devora sonhos,
Sobre uma chance, uma reviravolta do destino,
E os pássaros que voam no subterâneo.

O veneno do cálice desceu pela garganta,
O ar pesado, o pesar sem fim,
Uma porta trancada, e uma chave para abrir;
Os ossos do tempo, o passado guardado,
Seus olhos e o vento, meu lamento cantado.

Murcha é a rosa da saudade,
Presente cinzento e folhas que caem,
Flores mortas pétalas no asfalto,
Tudo que grita a vontade, 
E os lamentos que do peito saem.

Esta estrada que nos leva para casa,
Por cenários diversos de cores variadas,
De goles amargos em pequenas dozes,
Nesses dias em que passamos,
Horas e horas viradas e inesperadas,
Repleta de flores secas e cheia de curvas e vozes...


W. R. C. 

 



terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Agora Sou




Agora Sou 

Agora sou, ave noturna ainda faminta,
Pássaro negro a planar nos céus,
Seguindo o vento, sentindo o fogo da paixão.

Agora sou, o silêncio da noite fria,
A última gota do sangue que corre nas veias,
Vontade de amar sem sentir dor,
Beijo que marca a despedida...

Agora sou, o palhaço no picadeiro,
A  mascara da dor oculta no sorriso,
Lágrimas por traz das cortinas vermelhas,
Querer e não poder...

Agora sou, a face pálida e a bofetada,
Marionete e manipulador,
Carrasco de mim mesmo,
Faca de dois gumes, o corte e a  cicatriz.

Agora sou, o jardineiro do jardim cinzento,
A flor e seus espinhos, folha seca que cai,
Erva daninha e seus venenos,
Doce gota do orvalho da manhã.


Agora sou, o céu e o sol brilhante,
De todos seu mais louco amante, 
Tempestade que cai.

Agora sou, o medo de ir em frente,
A estrada escura e perigosa,
O hoje, o ontem, o amanhã...

Agora sou, o cérebro e seus espasmos,
Os pensamentos descontrolados,
O medo de amar e não ser amado.

Agora sou, o que nem sei ao certo,
Vontade constante que devora,
O coração que bate fraco,
Último suspiro de morte,
A vítima e o algoz.


W. R. C. 


 

Coração ferido


Coração Ferido



Que estrada sinuosa, siga em frente,
Percorra suas curvas perigosas,
Tente alcansar a luz, os portões dourados,
A estrada dos pensamentos profundos.
Perdendo todo o controle,
Tentando controlar tudo o que perdeu,
Usando todo o poder e todas as mascaras bizarras, 
Rodas irão girar, montes irão tremer,
Paredes irão quebrar a um passo de enlouquecer...
A estrada é dura, o sentimento é cortante,
A disputa é árdua, a saudade é gritante,
Vamos fazer isto rápido, sem perder tempo,
Com nossas forças, com toda nossa alma,
Fazendo amor, perdendo talvez,
Erguendo muralhas, derrubando altares.
Estou perdendo o controle,
Perdendo a batalha para o tempo,
Os nervos começam a aflorar, rasgam minha pele,
Rompem meu espírito, quebram os meus ossos,
Mentes que estão em embaraço,
Corpos que não se unem mais,
O inferno vai arder, o céu vai chorar,
Estaremos sempre em fuga, sempre a procurar,
Lutando por nossas vidas e uma fagulha de amor.
Batalhas que não foram vencidas,
Desistir jamais...
Todas as estradas em ruinas,
Uma nova rota a seguir,
Um rio de correntezas fortes,
Um pedaço arrancado de mim...
Siga em frente, não olhe para traz,
Guarde as recordações, talvez mais um telefonema,
Um último eijo e nada mais...
Nas primícias do pensamento,
Nas engrenagens  da saudade,
Com o martelo do sentimento,
Nas raizes da paixão que se foi,
Um grito levado pelo vento, 
Uma porta trancada e um coração ferido.


W. R. C.

Anjo Caido



Anjo Caido




Sorrateiro e melancólico surge do horizonte,
Sombra que se propaga no escuro
Levada pelo vento se misturando às trevas.
No silêncio da noite faz sua última oração,
Mesmo sabendo que não será ouvido
Mais uma vez grita...
Corrompido pela volúpia, sede aos desejos da carne
E por ela anseia sedento e desesperado,
A sede do corpo... A fome da alma...
O pacto do prazer... A tortura da distância... 
Condenação eterna... 
Agora em seus olhos as lágrimas secam devagar,
O pensamento acelera,
Imagem que surge diante dos olhos,
O coração bate sem ritmo e quase para,
Loucura e desejos incompreendidos,
A boca em chamas implora por apenas um beijo seu.
O fogo se espalha o calor é insuportável,
Depois da queda tudo é diferente,
A incerteza medonha... A realidade cruel...
Medo que faz estremecer...
Dor em carne viva...
Sentimentos que surgem sem controle,
Dilacerando pensamentos, sensações; 
Fome que nunca se acaba...
Sede interminável...
Nada mais é como um dia foi, 
Nada mudara o que é agora!


W. R. C.