quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Sonhos Perigosos


Sonhos perigosos


Caminhando sob um céu cinzento
A passos sorrateiros
Silencioso virando uma esquina qualquer;
Pensamentos que fervem e borbulham
Tentando entender o inteligível
Que parece ser cada um de meus desejos,
Mas que se escondem de mim por entre as nuvens no céu...
Uma febre ardente me queima por dentro,
Um sentimento cativo que grita em silêncio,
São vozes a ecoar no firmamento
Dizendo o que tanto quis dizer,
Se perdendo de vez entre as eras...
Que sonho escuro, que sonho perigoso,
Este de viver o que não se pode
Sentindo o tempo todo o que tanto se quer,
Colher frutos proibidos entre a rosa e seus espinhos,
Sorver a seiva cristalina que emana da vida
Sem me afogar em imcompreenções;
Mas que abismo profundo de lembranças,
Esse que despenco sem querer cair
Virando as costas para tudo aquilo que conhecia
Cada conhecimento inconciente dentro de mim
E mergulhando em um rio negro de nostalgia
Em ondas sonoras de lamentos em um dia sem sol...

E a chuva caiu, e as estrelas caíram do céu,
Levando boa parte dos sonhos compartilhados,
Lavando as cores que produziamos acompanhados;
E as lágrimas cairam e os sonhos evaporaram no ar
Como fumaça de tempos esquecidos, que não voltam mais.
Oh, que dia cinzento, que lembrança escura
De cada dia que ficou para trás
Horas arrastadas aos pilares das lembranças,
De todas essas portas que agora estão fechadas...
Isso sempre parece ter o mesmo caminho
Virando a primeira página ao entardecer,
Uma estrada sombria, uma casa em ruinas,
A morada daqueles dias memoráveis
Evaporando com a luz da manhã seguinte
Após o despertar para realidade calada...

Página por página, linhas desconexas,
Como um pingo de tinta em uma tela em branco
Esperando mais uma obra de arte se formar
Em traços unicos de sonhos luminosos,
Mas que não passará deste pingo solitário.
Moedas de cobre brilham para o sol
Em suas discretas frestas que apareceram,
Estátuas de mármore destruídas com o fogo
Derretem os medos e seus valores,
Cães famintos esperando sua refeição
Dilaceram os ossos do tempo
Em mandibulas vorazes que falam pelo agora;
Pensamentos distorcidos com o pecado
E o desejo de atravessar essa ponte,
Lembranças construídas por acaso
Em constraste com a realidade tão gritante;
Então o ouro do risco brilha a cada passo perigoso,
E as flores sem perfume brotam nos jardins...


Sonhos perigosos e desejos insaciáveis
Brotam de nossas mentes, sae de nosso peito;
Vozes que sussurram e promessas vazias
Em meio à qualquer um interesse,
Tão inseguro com aquilo que nos tentamos
Sementes ao solo rigido então;
Temendo o próximo passo no labirinto
E o sufocar de vontades que vem e vão;
Temendo caminhar em corredores frios
Congelados com os anseios dos desejos
E seus medos mais discretos...
Sedento e com o coração na mão
As linhas que escreveremos,
Paragrafos que se transformam,
Vontades que tanto nos corrói,
O que nós temos e o que nós deixamos seguir adiante...

W. R. C.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Leon Tolstoi


Leon Tolstoi
Russia: 1828 // 1910
Escritor O Que Sou e o Que Faço Neste Mundo

Involuntariamente, inconscientemente, nas leituras, nas conversas e até junto das pessoas que o rodeavam, procurava uma relação qualquer com o problema que o preocupava. Um ponto o preocupava acima de tudo: por que é que os homens da sua idade e do seu meio, os quais exactamente como ele, pela sua maior parte, haviam substituído a fé pela ciência, não sofriam por isso mesmo moralmente? Não seriam sinceros? Ou compreendiam melhor do que ele as respostas que a ciência proporciona a essas questões perturbadoras? E punha-se então a estudar, quer os homens, quer os livros, que poderiam proporcionar-lhe as soluções tão desejadas.

(...) Atormentado constantemente por estes pensamentos, lia e meditava, mas o objectivo perseguido cada vez se afastava mais dele. Convencido de que os materialistas nenhuma resposta lhe dariam, relera, nos últimos tempos da sua estada em Moscovo, e depois do seu regresso à aldeia, Platão e Espinosa, Kant e Schelling, Hegel e Schopenhauer. Estes filósofos satisfaziam-no enquanto se contentavam em refutar as doutrinas materialistas e ele próprio encontrava então argumentos novos contra elas; mas, assim que abordava - quer através das leituras das suas obras, quer através dos raciocínios que estas lhe inspiravam - a solução do famoso problema, sucedia-lhe sempre a mesma coisa. Termos imprecisos, tais como "espírito", "vontade", "liberdade", "substância", ofereciam um certo significado à sua inteligência enquanto se deixava envolver na subtil armadilha verbal que lhe armavam; logo que regressava, porém, depois de uma incursão na vida real, a este edifício que supusera sólido, ei-lo que via desmoronar-se como um castelo de cartas, vendo-se obrigado a reconhecer que o edificara graças a uma perpétua transposição dos mesmos vocábulos, sem recorrer a essa "qualquer coisa", que, na prática da vida, importa mais do que a razão.

Schopenhauer proporcionou-lhe dois ou três dias de serenidade, mercê da substituição a que procedeu em si próprio da palavra "amor" por aquilo a que o filósofo chamava "vontade". Quando o examinou, porém, do ponto de vista prático, esse novo sistema estiolou-se como todos os outros, mero trajo de musselina que era no fundo. Como Sérgio Ivanovitch lhe tivesse recomendado os escritos teológicos de Komiakov, foi ler o segundo volume das suas obras. Embora desanimado logo de início pelo sentido polémico e afecetado do autor, nem por isso deixou de se sentir menos impressionado com a sua teoria da Igreja. A crer em Komiakov, o conhecimento das verdades divinas, recusado a um homem só, é concedido a um conjunto de pessoas que comungam do mesmo amor, isto é, a Igreja. Esta teoria reanimou Levine; uma vez que aceitasse a Igreja, instituição viva de carácter universal, com Deus à frente, e santa infalível por conseguinte, era-lhes mais fácil aceitar os seus ensinamentos sobre Deus, a criação, a queda, a redenção, que principiar do princípio, pelo próprio Deus, esse ser longínquo e misterioso. Infelizmente, tendo lido em seguida duas histórias eclesiásticas, uma de um escritor católico, outra de um escritor ortodoxo, chegou à conclusão de que as duas Igrejas, ambas infalíveis na sua essência, se repudiavam mutuamente. E a doutrina teológica de Komiakov não resistiu mais ao seu exame que os sistemas filosóficos.

Durante toda aquela Primavera, Levine parecia outra pessoa. Viveu momentos terríveis. "Não posso viver sem saber o que sou e com que fim fui lançado a este mundo", dizia ele de si para consigo. "E visto que não poderei chegar a sabê-lo, torna-se-me impossível viver. No tempo infinito, na infinidade da matéria, no espaço infinito forma-se um organismo como uma borbulha, mantém-se por algum tempo, depois rebenta. Essa borbulha sou eu!" Este sofisma doloroso era o único, era o supremo resultado do raciocínio humano levado a cabo durante séculos; era a crença final da base de quase todos os ramos da actividade científica; era a convicção reinante.
E porque lhe parecia a mais clara, Levine, involuntariamente, deixara-se penetrar por ela. Mas esta conclusão parecia-lhe mais que sofística; via nela como que a obra cruelmente irrisória de uma força inimiga a que era preciso subtrair-se. A maneira de se emancipar disso estava ao alcance de cada um... E a tentação do suicídio perseguiu tão frequentemente aquele homem sadio, aquele feliz pai de família, que tratou de afastar de si todas as cordas e nem sequer se atrevia a sair com a espingarda. Contudo, em vez de se enforcar ou de quimar os miolos, continuaria muito simplesmente a viver.

Leon Tolstoi, in "Ana Karenina"

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

No Tabuleiro da Vida



No Tabuleiro da Vida

As peças começam a se mover e quadrante a quadrante se posicionam, em seu bailar delicado de escolhas e escolhidos; a vida com seus jogos, com seus medos, suas dúvidas, seus desejos, cada busca e seus anseios; os mistérios de cada hora que ainda não veio, e todas as que queremos repetir; ponteiros que marcam cada um de nossos passos como uma fotografia tirada pelo tempo, pendurada nas paredes de nossas mais intimas memórias...
O gotejar de saudade de todas que se foram, levados pela vida, que mudaram de endereços; ou simplesmente não querem mais jogar! Cenários cinzentos, peças nos lugares, cidade calada, tabuleiro de vida, aves noturnas que voam ao redor; sentados em nossas cadeiras analisando o próximo passo, pensando em todos os frutos que ainda se pode colher; gramado verdejante, pensamentos que não param. Vontades sussurrantes sopradas com o vento, desejos e vontades em mais um movimento suave; sementes que foram lançadas antes mesmo da primavera; tudo que germinou, tudo que ainda vai germinar...
Silêncio que paira no ar, eu e você, antes do primeiro passo, a derradeira peça se fixar, o primeiro ato, cada toque, rei e rainha trocando olhares, imaginando possibilidades, jogando com nossa sensibilidade, sem pudor, despidos de todos os receios em uma batalha de existência, no tabuleiro de nossos dias, em uma busca incerta, sempre a procurar; expondo sentimentos e sentidos, cantando nossos sonhos sem se preocupar, ocultando dores e fracassos...
Com lâminas afiadas e sanguinolentas forjadas no fogo das paixões,entre o tempo e suas eras, brincadeiras de vida, disputas mortais do destino, neste jogo eterno chamado amor...
No tabuleiro da vida existem regras que foram escritas há muito tempo, por aqueles que sabiam como jogar e ganhar; em cada dia que se vive, em vários sonhos que se sonha, em toda parte que se vai...
Cada peça tem sua importância, um valor a se cultivar, fez ou ainda faz parte de você, reside em seu peito, existe no fundo da consciência, no intimo de cada alma, encontra-se vivo em seu presente, em cada música que se ouve; ou adormecido em seu passado entre poeira e saudades quando o coração aflito ainda o sente, grita em seus sonhos turbulentos vozes que lhe chamam entre imagens que evaporam lentamente; ou se calam em sua realidade conturbada, entre o destino e suas normas, entre tudo o que foi, é ou ainda será; vitórias e derrotas no tabuleiro da vida...
W. R. C.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Lembre-se de Ontem



Lembre-se de ontem


Quando você ouve uma voz
Que ecoa preenchendo seu ser,
Dentro de seu coração a bomba cardíaca acelera
Como os ponteiros do relógio a marcar o tempo,
Conduzindo o sangue quente de memórias reluzentes;
De algum tempo atrás, outras sensações,
Em estações diversas de ontem e hoje
Tentando dizer o que não disse,
Moldar formas em visões que existem
Sabendo que o globo não gira para trás;
Mesmo que eu tente, eu não consigo
Plavras se forman de nossos novos conceitos,
Jardins começam a deixar suas cores à mostra
Em letras variadas de varios valores,
Ler as entrelinhas, você sabe que não podemos.

Sim, eu tentei, o que há de errado?
Cicatrizes profundas são dificeis de curar
Elas sangram em noites de pensamentos intensos;
Tarde demais para voltar no tempo,
Para olhar sobre meu ombro,
Cada bruma que se formou agora,
Cada saudade que se ergue diariamente
Talvez um dia eu volte novamente ao inicio
E construa pontes sólidas que não desmoronem...
Lembre-se de ontem e pense no amanhã
Mesmo sabendo que a realidade é o agora
E que você tem que viver o hoje,
Todas as suas horas, cada suspirar...

Não me deixe com a mágoa, nem com a culpa,
De erros que se acumulam com o tempo,
Poeira de vontades evaporadas,
Condenado-me às profundesas de minha consciência
Onde residem cada um de meus desejos;
Pois eu tenho que viver hoje, cada segundo
Como se o amanhã dependesse disso,
Como se cada minuto fosse se recriando novamente
Com você ainda sorrindo em meus mais puros pensamentos
Em cada sonho mesmo os cinzentos e frios,
Como os dias de outrora e aquelas guardadas horas
No fundo de meu peito, no intimo de minh'alma,
São varias melodias ecoando tão caladas.

Mesmo entre o silêncio e a distância
A vida ainda pulsa e ferve em nossas veias,
Transportando sonhos e vontades
Nas batidas unisonóras de nossos corações.
E qual seria uma razão melhor
Que nos daria motivos maiores para celebra-la?
Deixar que ele se revele,
Uma ultima fagulha de paixão
E todos os gemidos de amores,
Entre varias primaveras floridas
E seus jardins iluminados,
Cada um de nossos invernos cinzentos
E suas brisas tão suaves,
Como um grão caido em terra irrigada
Buscando o pulsar da vida a todo instante;
Para uma semente germinar
É preciso rega-la, alimenta-la,
Permitir que o sol brlilhe sobre ela,
Um pouco a cada dia,
Um pouco de nós em cada dia,
Com todos os sabores e odores
Do ontem, do hoje e do amanhã...

W. R. C.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Corredores estreitos



Corredores estreitos



O tempo nunca é suficiente,
Existe muita coisa guardada
Nas profundezas enegrecidas da alma
Entre os dentes pontiagudos do tempo,
Um fogo que quer se queimar,
Subir bem alto, alcançar o céu,
Mas que é impedido pelo medo de tentar.
A eterna busca do incerto, do incomum,
De cada parte que se completa
E aquilo que se torna um em sonhos compartilhados;
Do quê eu tenho que completa você,
Do que você tem que me completa,
Metades de moedas valiosas,
Um jogo de ases no embaralhar da vida...

As palavras podem se tornar uma arma mortífera
Em bocas sedentas pelo caos;
E também podem ser, de repente,
Em meio aos corredores estreitos
O propulsor de sentidos puros e verdadeiros,
Escorrendo por cada canto,
Levando diversos sentimentos.
Disparo meus dardos cheios de paixão,
Em direção ao alvo que almejo,
Mas a vida cria obstáculos diariamente
Constantes pedras que se erguem,
Paredes sólidas de indiferênça e seus escudos;
Onde nossas setas inflamadas de amor,
Enxarcadas de querer
Batem em muros de concreto e caem no chão...

Busco um tesouro prateado no brilho do luar,
Com um nome me faz lembrar também,
Algo que amenize a falta do que tanto faz falta;
Tudo que se pode ter em vida e vive se escondendo de nós;
Ou seria nós nos escondendo da vida?
Preciso dizer apenas algumas palavras
Mas temo que soem vazias:
_Abro e fecho portas, vejo corredores escuros,
Becos tranparentes cheio de rostos,
E no sol do meio dia sinto frio,
Estremeço por não saber como conter
Cada um desses sentimentos que brotam diariamente
Que se rabiscam em folhas virtuais
E desenham vontades em minha mente...

Para que chorar amores velhos e empoeirados,
Emoldurados em galerias especiais de nossas lembranças;
Se a sua porta pode existir alguém a bater,
Se o seu jardim possuem flores novas,
Ou sementes prontas para serem semeadas?
Não posso deixar de falar, ficar calado,
Ocultar cada grito silencioso que quer sair;
É só olhar sua janela agora,
Ver o que pode estar se aproximando...
Agora aqui do outro lado,
As portas de minha mente, de meu coração,
Quando dentro de mim em silêncio,
Gritos mudos cantam uma canção e fazem seu chamado
À nova estação que está por se abrir...
Este labirinto de vidro possuem espelhos embaçados,
Onde vemos nossos rostos distorcidos,
Nossos sonhos em pedaços parecidos,
Esperando a decisão de seguir
Sem medo do que pode acontecer,
Seguir apenas e descobrir o que pode ter
Nesses corredores estreitos chamados de vida.



W. R. C.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Edgar Allan Poe




UM SONHO NUM SONHO


Este beijo em tua fronte deponho!
Vou partir. E bem pode, quem parte,
Francamente aqui vir confessar-te
Que bastante razão tinhas, quando
Comparaste meus dias a um sonho.
Se a esperança se vai, esvoaçando,
Que me importa se é noite ou se é dia...
Ente real ou visão fugidia?
De maneira qualquer fugiria.
O que vejo, o que sou e suponho
Não é mais do que um sonho num sonho.

Fico em meio ao clamor, que se alteia
De uma praia, que a vaga tortura.
Minha mão grãos de areia segura
Com bem força, que é de ouro essa areia.
São tão poucos! Mas, fogem-me, pelos
Dedos, para a profunda água escura.
Os meus olhos se inundam de pranto.
Oh! meu Deus! E não posso retê-los,
Se os aperto na mão, tanto e tanto?
Ah! meu Deus! E não posso salvar
Um ao menos da fúria do mar?
O que vejo, o que sou e suponho
Será apenas um sonho num sonho?

Edgar Allan Poe

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Reescrever uma História



Reescrever uma História

São vozes que ecoam por folhas diversas, agonizantes sentimentos; são linhas que se perdem entre desejos e vontades, evaporando lentamente com o tempo; cada fagulha, um pedaço de mim em linhas tortas a se rabiscar, cada linha riscada uma visão entre a realidade e o sonho; vultos, vozes, melodias, silêncio e escuridão. Como rasgar esse véu que nos separa, traçar novas linhas, dizer o que se sente? Páginas que aprisionam sentidos, um grito agonizante entre o ontem e o hoje, teorias controversas entre eu e você...
Agora somos parágrafos que já se foram, entre os dias que passaram; capítulos que ainda não vieram, entre o futuro imprevisível; versículos sussurrados em nossos sonhos, histórias que se escrevem...
Equilibrando as palavras entre o caos e o tormento, dia após dia por estradas tenebrosas, cidades em ruínas, palavras que são escritas e vozes rancorosas; mentes construindo realidades, reinventando verbos, amores que se foram por portas que se fecham; reescrevendo o pretérito imperfeito em verso e prosa...
Carregando a sabedoria de varias eras empilhadas sobre a órbita craniana, e cinzas que caem dos céus, seguindo a estrada da vida como se fosse a primeira vez, por suas curvas perigosas, escrevendo a história dos homens, com todos seus altos e baixos, com sangue suor e lastimas, por onde poucos ousaram pisar e muitos se perderam.
...Desenterrando versos do passado, desses livros que já se foram adormecidos sobre o sono da morte, de cada sentimento que outrora foi vivo, que foi perdendo suas cores, cada som unisonoro; fumaça cinzenta de dias que se perderam sobre o olhar malevolo de todas as horas, de cada um de seus minutos em que buscava aquelas paginas, de sonhos que desbotaram e amores esquecidos, entre os beijos que agora faltam e novas linhas que se escrevem.
Uma mão ainda vazia espera, tocar tão belos dias de sonhos tão diversos de horas de alegria e grãos que serão dispersos,palpar cada rascunho de folhas amareladas, de todas suas linhas e cada uma palavra, recriar o que se teve por dias que já foram levados; reescrever essa hitória com todos os pontos e virgulas de forma que não seja mais apagada...

W. R. C.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Sombras da Noite



Sombras da Noite


Encontrei um espelho com meus olhos
Refletindo minha insanidade tão sensata,
Pedaços que se desprendem de meu mundo,
Cores abstratas que se destacam
Fluindo lá no fundo de minhas veias;
Do intimo de mesus pensamentos
Perguntas e respostas...
Palavras e versos...
Correndo em volta e rapidamente,
Girando de forma estranha,
Deslizando até meu peito;
Imagens derretem em minha mente,
Esculturas especiais de minhas lembranças
Com minhas recordações que deixei para trás,
Quando não pude manter o passado presente,
Pois o passado sempre escorre e não se vê;
E no presente que as vezes parece ausente,
Tentamos sempre fazer
Desse presente algum futuro...

Seu toque puro não está me protegendo
Oh, senhora saudade!
Sob as areias de todas as minhas lágrimas
Contruo castelos de portas fechadas e torres altas,
Tudo que resta, tudo que tenho
Está diante do espelho partido,
Duas metades do que um dia foi inteiro,
Linhas que são escritas de tudo o que sobrou;
É um bando de palavras sem sentido,
Uma vociferação que ecoa distante,
Vibrações que se propagam e somem com o tempo
Nas águas da existência
Que desaguam no mar de silêncio e sombras...

Sombras de mim e você, aqui e depois,
Voando sobre meus anseios
Tentando alcançar as visões
Do caminho que percorremos.
Sombras cinzentas ficando vermelhas
Lágimas ferozes que correm nas veias;
A vida passa rápido demais,
Por estradas desiguais e estreitas
Nas asas frageis dos sentimentos flutuantes
Que planam sorrateiros entre os dias enfim;
Nosso voo terminou aqui...

Tantos rastros, tanto desejo, tanta procura,
No alto da colina posso ver o horizonte
Visões derretem com minhas recordações,
Uma brisa em minha pele está traçando as
Linhas com as marcas ao longo de meu rosto,
Sustos de uma consciência sussurrante
Culpando a mim, somente a mim...
Eu era, eu serei ou eu sou?
O que quer que seja
Eu não serei o mesmo, não mais,
Depois que as pedras cairem e as vontades rolarem;
Pode ter certeza quando o anoitecer dourado me cobrir
Com manto plúmbeo do luar,
Memórias então irão deixar o meu coração...

Porque o guardião dos sonhos parte?
Em algumas horas, dentro da negra noite
Será cumprido o que fora dito;
Tendo minha tristeza virando pedra,
E cada lágima secado,
Os sonhos quebrarão as correntes
E abrirão defitivamente suas asas
Voando para a eternidade
Em direção ao amanhã.
Algumas vezes em sonhos eu vejo os olhos dela,
Tão brilhante como a chama do sol
Vigiando-me como fontes cristalinas...
Aqueles sentidos no manto frio da noite que evapora
Conduz os sentimentos ao seu devido lugar
De onde nunca deveria ter saido...
Onde estão os guardiões dos sonhos?
Porque escondem a verdade do mundo?
Digam-me as respostas que minha mente deseja.

W. R. C.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Na sala de estar



Na sala de estar


A casa é tão grande,silêncio que ecoa,
Assim como meus pensamentos;
Não existe nada nem ninguém
A quilômetros de distância,
E a distância que nos separa de nossos sonhos
É a mesma entre um passo até a porta
E o enorme Jardim lá fora...

Sentado na sala de estar em meio às sombras
Tudo que vem se formando de meus sentimentos,
Rodeado de vozes silenciosas em prateleiras sujas;
Os ossos estalam a carne estremece,
Aglomerado de sentidos dormentes
Que adormecem em cada por do sol...
Cultivo sussurros e lamentos,
Lágrimas salgadas e soluços,
Tudo que insiste em se alimentar
Pelos dias que se vão
No decorrer mórbido das horas que se arrastam.

Caminho pelos corredores enegrecidos,
Entre a ruas entrelaçadas,
Tentando fugir do tempo e seus comparsas,
Com suas armas e seus segredos,
Tudo que foi se formando, emparedando,
Empoeirando como moldura velha,
Rostos imortalizados em seu ultimo ato...

Ainda há vozes medonhas que ecoam à noite,
Espelho quebrado refletindo sua face,
Sussurros de sonhos que se desprendem
Procurando respostas que nunca encontraram,
Fazendo perguntas que nunca irão se calar,
Que fazem suas curvas, tão cheias de vozes,
Que ecoam distantes, sem um destino certo...

Aqui jaz meu ultimo sussurro de amor
Enclausurado em seu leito de pedra,
Adrmecido em silêncio profundo,
Nas profundezas gélidas desta morada,
Esperando o próximo raiar do sol
E os ventos que sopram o amanhã;
Para ressurgir majestoso
Reviver tudo de uma forma que não viveu
E se propagar no imenso azul do céu.

Vejo minha sombra se formar no papel amarelado,
O que sobrou de meus sentimentos,
De minhas memórias de dias que se foram,
Sombras escritas com lastimas e pesar
Em outra página escurecida de meus devaneios
Que se formam entre o hoje, o ontem
E o que tanto quero e espero para o manhã...


W. R. C.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Karl Jaspers



Karl Jaspers
Alemanha: 1863/1969
Filosofo, Psiquiatra

Orientar Filosoficamente a Vida

A ânsia de uma orientação filosófica da vida nasce da obscuridade em que cada um se encontra, do desamparo que sente quando, em carência de amor, fica o vazio, do esquecimento de si quando, devorado pelo afadigamento, súbito acorda assustado e pergunta: que sou eu, que estou descurando, que deverei fazer?
O auto-esquecimento é fomentado pelo mundo da técnica. Pautado pelo cronómetro, dividido em trabalhos absorventes ou esgotantes que cada vez menos satisfazem o homem enquanto homem, leva-o ao extremo de se sentir peça imóvel e insubstituivel de um maquinismo de tal modo que, liberto da engrenagem, nada é e não sabe o que há-de fazer de si. E, mal começa a tomar consciência, logo esse colosso o arrasta novamente para a voragem do trabalho inane e da inane distracção das horas de ócio.
Porém, o pendor para o auto-esquecimento é inerente à condição humana. O homem precisa de se arrancar a si próprio para não se perder no mundo e em hábitos, em irreflectidas trivialidades e rotinas fixas.
Filosofar é decidirmo-nos a despertar em nós a origem, é reencontrarmo-nos e agir, ajudando-nos a nós próprios com todas as forças.
Na verdade a existência é o que palpavelmente está em primeiro lugar: as tarefas materiais que nos submetem às exigências do dia-a-dia. Não se satisfazer com elas, porém, e entender essa diluição nos fins como via para o auto-esquecimento, e, portanto, como negligência e culpa, eis o anelo de uma vida filosóficamente orientada. E, além disso, tomar a sério a experiência do convívio com os homens: a alegria e a ofensa, o êxito e o revés, a obscuridade e a confusão. Orientar filosoficamente a vida não é esquecer, é assimilar, não é desviar-se, é recriar intimamente, não é julgar tudo resolvido, é clarificar.
São dois os seus caminhos: a meditação solitária por todos os meios de consciencialização e a comunicação com o semelhante por todos os meios da recíproca compreensão, no convívio da acção, do colóquio ou do silêncio.

Karl Jaspers, in 'Iniciação Filosófica'

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

A Batalha





A batalha


Derrama em linhas tortas pedaços de sentidos,
Escorre no papel fagulha de saudade,
Esperando a chuva cobrir as lágrimas,
E o sangue as cicatrizes.
No campo de batalha cenários diversos,
Outra porta fechada, um sonho preto e branco,
Outra página virada, um conto sem final feliz...
Passos lentos, labirinto de vidro,
Espada afiada, corte profundo,
Vontades gritantes, enclausurado e perdido.
O gotejar das horas impiedosas,
Abrir e fechar os olhos , devaneio...
Realidade... Pesadelo...
O vento sopra as folhas lá fora,
O tempo despeja seus grãos de areia,
Aglomerar de nuvens cinzentas,
Silêncio e escuridão.
Sussurros envenenados vozes que ecoam,
Pensamentos fragmentados, cacos de vida...
Sobe a fumaça do insenso,
Desce o homem até seu inferno pessoal,
Em constante batalha com sigo mesmo,
Mastigado e cuspido nas entranhas do mundo.
Pisando em nuvens carregadas,
Prontas a disparar saudade e melancolia,
Rabiscando o céu com um trovão,
Se alimentando de sonhos e sentimentos,
Sentado observando ações e vozes,
Trancrevendo verdades e vontades,
Lançando aos céus sonhos e desejos,
Dissolvendo o passado em finas gotas de chuva,
Velas irão queimar, o pensamento irá transcender
Cultivando o presente em silêncio e belas rosas.
As cartas estão na mesa, o soldado no campo de batalha;
Espadas de verbos, escudos silenciosos,
Uma guerra sem vencedor, sem perdedor,
Apenas combatentes incansáveis,
Sonhadores incontestáveis e famintos,
Amantes insaciáveis e sedentos,
Marionetes de si mesmmos
Repletos de desejos e vontades,
Guerreiros na constante batalha da vida.



W. R. C.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

A Vida em um Vidro



A vida em um vidro


Nem sempre as coisas saem como queremos, nem sempre queremos as coisas como elas são; um tapa seco em nossa face, um tombo doloroso no banheiro úmido, verdades lançadas em sua cara, vontades que gritam em seus ouvidos, oportunidades perdidas em um instante...
Meus olhos querem ver o que minhas mãos não puderam tocar, meu coração bate lentamente por não ter vivido emoções preciosas, minha mente arde em chamas por conter pensamentos pesarosos, e minh'alma grita em silêncio por não me ensinar as escolhas e nem as palavras certas...
Agora quero que tudo se escureça por um instante, e por meus pensamentos em um quadro pintado, exposto na parede de meus lamentos, ao lado de minha gravura embaçada, colocar minha vida num vidro, deixando a tempestade gritar la fora, todas suas verdades e suas mentiras, enquanto observo tudo aqui em silêncio, com todos meus sonhos e meus medos que ecoam pela consciência calados......
Os caminhos que escolhemos nos conduzem passo a passo aos recantos de nossa existência, onde tentamos construir pedra por pedra o catelo solitário de nosso ser, com todas nossas emoções gritantes diante de nós, com todos os amores do ontem e do hoje, toda planta colhida, cada semente germinada, tudo nesse caminho, degrau por degrau, até que se para e fica a pensar: Será que deixei algo para trás, quantos sóis ficaram sem minha sombra, quanta chuva não lavou minh'alma, quantos soluços abafado deixei de lançar ao céu? Mas o caminho continuará ali, esperando por você, quanto estiver pronto a retomar os seus passos...
No labirinto da vida, de vidro, entre suas paredes transparentes, vemos rostos que passam calados, também escutamos vozes que ecoam pelos cantos, lamentos gritados ao nada, pessoas famintas de vida, sentindo o cheiro pútrido da morte em cada esquina, em cada vez que alguém tenta gritar um pouco mais alto...Cada passo, cada acesso, um dia de cada vez, sempre tentando chegar no horário, dizer as pessoas o que elas querem ouvir, tentando tocar os sentimentos que evaporam no ar, muitas vezes em vão..‎Cada luta, outro suspirar profundo, cada fruto maduro colhido no pé, apodrece lentamente em nossas mãos quando não sabemos conserva-los, consumi-los, e aproveitar suas sementes, germinar o que se perdeu com o tempo, e que foi levado pela maré; cada cheiro que tem um amanhecer carregado de vapores que saem dos sonhos, e a poluição enegrecida de nossas cidades, de cada uma de nossas saudades, trazem consigo nuvens cinzentas, carregadas de lágrimas que caem e escorrem com as emoções; o céu que grita tantas dores em todos seus trovões; e nós, cada um em seu vidro, cada um em sua vida, pensamentos poeirentos e vontades guardadas nas gavetas da existência, ou escritas em papéis amarelados, pedaços de nossa essência, sussurros intermináveis...
Ainda posso ver em meus olhos diante do espelho, diante do vidro, as marcas que o tempo deixou, cada sopro de desejo que fora oculto por nuvens escuras, e cada sentimento que escorreu em lágrima silenciosa, em tempestades de paixões tão dolorosas; ainda vejo em meus dias os fantasmas de minhas memórias, cada página de toda a história nos ponteiros que marcam os segundos de nossas dúvidas, nos minutos de nossas vozes, nas horas de nossos sonhos...
Quero um instante como aqueles que deixei escapar, um poco mais daquele sentimento que evaporou e sumiu, aquelas horas que o tempo ocultou de mim, aqueles dias que os meses levaram para longe, cada ano que as decadas apagaram, tudo em um instante...
Quero saber o significado de todos os meus sonhos, porque de tantas visitas nestes mesmos, essa fumaça que paira no ar, esse perfume em minhas lembranças, algumas palavras que qero dizer... Palavras cantadas, jogadas no ar, verdades em melodias variadas, e a chuva que ainda cai lá fora, e essa voz que ecoa aqui dentro; são tantas coisas em tão pouco tempo, são tantos sonhos nesse cenário opaco, e meus pensamentos escurecidos, entre essas paredes sileciosas atormentadas por essa música...
As horas passam e levam uma parte de mim, outro fragmento de minhas memórias, de meus sentimentos, que gota a gota pingam suas dores, suas vontades, todos os amores; a mente despenca em queda livre a ladeira pedregosa da saudade, e as feridas que surgiram pelo caminho ainda sangram sem respostas, cada lágrima tempestuosa dessas nuvens obscuras de meus pensamentos, inundam meus dias, e aqui onde me afogo em outras lastimas no alto de minhas visões escurecidas, daqueles dias que ficaram escondidos entre as paredes desse vidro e linhas tortas de papeis amarelados, foi lá onde deixei meu ultimo beijo perdido, é lá onde meu lamento nunca será calado...


W. R. C

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Melodia ao Entardecer



Melodia ao entardecer


Uma melodia ao entardecer,
Com sons de saudades e cores de pesar,
E qui neste lugar onde espero,
Onde os pássaros voam sorrateiros
E os homens procuram respostas,
Entre os raios solares e seus mistérios
E folhas vazias que se despredem das árvores,
Guardando perguntas, ocultanto minha face...

Sentimentos em sons perdidos
Ecoando do outro lado da cidade calada,
Vontades em cores esquecidas,
Em vozes sussurrantes que nunca se silenciam,
Cantam suas dores nas sombras que se formam,
Sedentas por amores que sempre morrem
Dilacerados pelo tempo e seus comparças
E cada migalha de sentido que evaporou...

O esperar e seus tormentos,
Cada dia que passa, todos os dias que ficam,
Cada vento que sopra, esse aperto no peito;
As brasas ainda ardem, os sonhos ainda vivem,
Portas que não se abrem, papéis que se escrem;
Tudo se junta, se forma, se molda, se cria
No barro que o tempo modela
Em obras precisas e imperfeitas...

Nem mesmo nuvens cinzentas podem conter a verdade
Que se desprendem do alto de nossos sentimentos,
Cada melodia cantada em amor e paixões
E tudo o que temos a oferecer, um pouco de nós;
As esquinas que passaram sabem o que digo,
Nelas ficaram escritas entre o entardecer e os abraços,
O anoitecer e os beijos que se foram,
Tudo o que ainda ficou guardado...

Chega de lágrimas escondidas,
De soluços silenciosos no escuro,
O por do sol irá levar para longe,
Do outro lado do horizonte perdido,
Cada lamento, cada saudade e seus venenos;
E trará com o anoitecer novidades
Em linhas escritas tão esperadas,
Palavra por palavra a se formar...

E entre os dias, seus sons e suas horas
E o algoz de minhas lembraças,
Ficam as flores que foram plantadas
E uma voz que ainda irá reçoar novamente
Quando cruzarmos nossos caminhos;
Entre ontem e hoje, sonhos e realidade,
Guarde no fundo do peito o que se cria
Pois um dia ainda pode se tornar verdade...

W. R. C.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Vão se Escrevendo


Vão se escrevendo


Penso em tantas coisas, sinto todos os dias,
E vão se escrevendo a todo instante
Essas sensações que invadem meu ser,
Tempestades e trovões que não se findam
Bombardeando cada parte de mim,
Fragmentando minhas horas em devaneios,
Em vultos de memórias cinzentas
Que se espalham como migalhas no chão.
Aqui sentado de frente para porta de minha casa,
De minha mente e tudo que brotou, ou secou e caiu,
E meu jardim silencioso que não me diz nada;
Também digo palavras que ninguém escuta,
Que ecoam sozinhas no firmamento,
Versos que se perdem no ar,
Sussurros de sentidos que nunca chegam onde quero,
Vontades caladas tentando gritar.
Deixei um verso solto ao vento, na fumaça do incenso,
Rodopiando, girando em espiral
Entre as horas de meu dia e meu derradeiro lamento,
Perdido entre as ruas e suas armadilhas
Ocultas em cada esquina insana
Com suas vozes grosseiras e suas feridas;
Entre tudo que tentei dizer e o que tanto quero,
Solto no tempo e na escuridão do mundo.
Estas sombras, estas nuvens, tanto de mim
Que nem sei se um dia ficou em você,
E você por toda parte e ainda aqui;
Estes sonhos dolorosos, outro gole de vida
Garganta abaixo, alma adentro,
Tateando vontades falantes,
Tocando saudades escurecidas,
E minhas mãos ainda vazias,
Pois o que quero ainda espera longe de mim;
Quero tanto, quero tudo, mais um pouco,
Cada página, cada luta, todas as linhas,
O livro sagrado fora aberto e não irá se fechar agora,
Pagina por pagina se constrói
Pelos dias que se seguem e suas curvas;
E cada verso perdido, que seja encontrado,
Entre os meses e suas semanas,
E cada sonho recriado novamente,
Do barro de cada vontade, de cada procura,
Tudo que já fora escrito,
E tudo que irá se escrever...


W. R. C.