segunda-feira, 31 de dezembro de 2012



A derradeira página do depois
 
Escreve-se em versos e fogo
No palpitar do peito faminto
Que conta em linhas discretas
Fagulhas pingadas de um querer
Que se transformá com o tempo.
 
E é bem aqui nesse jogo,
No caminhar entre o vidro do labirinto
Lançando dardos e setas
Na direção do revelado amanhecer
Soprados e guiados pelo vento.
 
No esperar dos que acreditam,
No virar das paginas rabiscadas,
O vai e vem nas avenidas pulsantes
E os goles sorvidos em vontades
 
Desmembradas elas gritam
Antes da próxima curva da estrada,
Nada mais será como antes
Quando ditava as regras a vaidade.
 
Agora se escreve precisa
A derradeira página contada,
E as escolhas na ponta da tinta
 
Revelarão com uma suave brisa
As portas de minha jornada
Na pagina em branco que se pinta...
W. R. C.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Em algum lugar bem aqui no amanhã
 
E foi surgindo com o sol lentamente, rasgando nuvens dispersas de manhãs diversas, de varias estações, quando nos perdemos em meio aos dias, cada um desses sentidos que falam baixo; todos esses que se foram para distante por lugares esquecidos pela maioria; por aqueles que não nos ouve quando os chamamos!  Sei que muita coisa mudou e que outras se perderam entre horas que se arrastam e sentimentos que vão surgindo; junto às minhas palavras o que tenho a dizer, fagulhas rabiscadas de sentidos latentes, essa mistura de sensações e vontades engasgados entre a lacuna de todos os sonhos e tudo que foi embora com as estações sem se despedir; o mundo ocultando algumas cores lentamente, o mundo ganhando novas cores diariamente, pintura real de mim e de você.
 O que sai desse coração que às vezes se silencia através da porta do desejo humano e todas suas buscas desmedidas; eu vi a terra que todos nós procuramos repleta de suas delicias e seus jardins, ao longo de nossas vidas tudo o que planejamos entre o deserto árido e os mananciais volumosos; não há verdade, não há mentira, nem meio termo ou ele inteiro, tudo escrito em páginas velhas, em linhas variadas, pintados em quadros antigos: um anjo ali nos encarando, agora, um demônio nos tentando, agora, procurando sua pena, procurando a minha, a sua, essa que desprende do alto de nossas vontades, do intimo de nossas procuras, planando sorrateiro em tantas verdades de asas abertas a flutuar...
 No silêncio, entre a batalha de nuvens cinzentas e o sol escaldante ele veio, partindo ao meio este negro véu que separa sonhos de realidades; um fluxo súbito de consciência corre velozmente em direções desconexas como um rio que corre bem perto de nós, trazendo-me as mais diversas palavras, de pensamentos e sentimentos profundos, onde o olhar do mundo se diversifica em bifurcações e ideais enquanto sento aqui e observo a paisagem.
Meus pensamentos estão fluindo pra longe com os ventos e a fumaça do incenso, por lugares onde gostaria de estar agora, com vontades que ainda esperaram muito pouco; em linhas distorcidas se escreve lentamente, em sentimentos gritantes se perde consciente, sabendo que o amanhã não irá me decepcionar longe do ninho que tentei construir sobre o céu cinzento desta manhã que agora se foi deixando sua pintura e dando passagem para o astro solar e suas luzes...
 W. R. C.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012



 
 
Verdades escolhidas
 
Quando a pagina se virar
Revelando seus mistérios:
O silêncio
Será meu guia
Em sua melodia transfigurada...
Ouvirei a voz do pensamento
E os sons que saem de meu peito
No pulsar de escolhas;
Assim somente
Terei onde descansar
Minhas asas
Em dias
De intensas tempestades
No baile de máscaras,
Na vida e seus dizeres,
No festim.
 Sempre em meu coração
Existirá um refúgio
Esperando em meu mundo
De cores únicas,
De vários sabores
Pelas respostas desejadas;
No traço riscado
Em versos e prosas
No passos seguidos
Em direção ao amanhã...
Colhi uma rosa
Em um de meus sonhos
Entre a relva espinhosa
E o cenário fascinante,
Seu inebriante perfume
Entorpece o presente
Quando esse se transforma
Na morada dos devaneios,
Nos jardins dos pensamentos
Que brotam seus ramos
Em verdades escolhidas
Para depois...
W. R. C.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012



Quando
 
Quando chegar bem alto
E os degraus se findarem,
A engrenagem continuará girando
Buscando encontrar o contorno;
 
As origens dessas luzes brilhantes
São os reflexos desses versos,
O segredo por traz do silêncio,
O caminho aos devaneios coração.
 
Quando o corpo cansado
Palpita no ritmo pulsante,
Iluminados pela lâmpada do consciente
Conduzindo o presente sem medo;
 
O curto tempo que nos resta
Do inicio da noite
Rasgará o transcendente véu
E os olhos ficarão reluzentes.
 
Quando venho de longe
Buscando estar mais perto,
Conhecer os caminhos distintos
Nesse labirinto complexo;
 
Alimentando as vontades famintas
Incendiando os diversos desejos,  
Estarei semeando verdades na vida
Em direção ao próximo amanhã...
W. R. C.


segunda-feira, 17 de dezembro de 2012



O jogo de xadrez
 
Inicie o jogo,
Cada escolhido quadrante,
Cada jogado sentido,
Cada desprendida vontade
No derradeiro movimento;
 
Um queimar feroz em fogo,
O corpo em brasa sente,
No tabuleiro, achados e perdidos
Posicionando escolhas, vaidades;
O ser sente o passar do tempo...
 
Paginas viradas envelhecidas,
Silencio vibrante em forma de arte,
Em quadrantes preto e branco
Onde o verso fez sua curva;
 
Outra jogada antes da despedida
Vendo o véu que ao meio se parte
Cobrindo faces e seus cantos,
Pintando um quadro em cores turvas.
 
Mãos que não florescem folhagens,
No tato feito em trato escrito
Que movimenta a próxima jogada,
Coração que no peito bate;
 
A casa escolhida e suas ramagens,
O verbo solto e dito,
Jogo de xadrez seguindo sua jornada,
Jogada feita: Xeque mate...
W. R. C.


sexta-feira, 14 de dezembro de 2012


Navegar é Preciso
 
Os dias tocam suas melodias em sons de muita reflexão, em portas que se abrem, em portos que se despedem; o peito comprimido em tantos ideais sufocados torna a respiração ofegante e os pensamentos flutuantes formulam a próxima jornada de muitos ideais e cartas a serem rabiscadas; mapas tão imprecisos, promessa que querem preencher seu espaço no pedaço opaco de tempo que se tem; verdades gritantes que falam seus mais íntimos anseios sussurrando verdades nas velas do destino, perguntas inquietantes no alto dos medos e suas amarras querendo se desprender das prisões dos instante e seguir adiante, muitos se afogam quando a embarcação afunda, pois não aprenderam a nadar...
As horas escrevem suas linhas como o mar desenha suas ondas na precisão profunda dos que sabem mergulhar em seu conciente, e o navegador segue; em seu pensamento existem os mais belos portos, as praias mais agradáveis, as cidades iluminadas repletas de rosto e de vozes, oportunidades e soluções, cada qual em seu universo, em seu oceano, em seu tempo, dividindo um espaço que abriga embarcações diversas; os sonhos nunca se calam, estão sempre a sussurrar suas verdades nos ouvidos dos navegares que mesmo rodeados de tantos sempre estão sozinhos, a realidade fosca ainda espera por esses sonhos e suas mais distintas cores enquanto o barco segue seu caminho e os tons se encaixam em seus devidos lugares até que a próxima despedida seja selada e os barcos voltem ao mar. 
  Os primeiros luares cumpriram seu papel, exerceu sua força nas marés e também no coração desses navegadores, que agora com seus olhares transformados e ideais renovados navegarão em direção aos portos existentes em sua rota traçada, paisagens inéditas mostrarão novidades, pensamentos profundos escreverão suas linhas na prosa constante dos dias que virão; navegar é preciso, saber navegar é necessário e o tempo e o trajeto ensinam isso; o sol virá novamente com suas luzes, com seu fogo queimando tudo que é desnecessário; o caminho será mostrado e todo navegador atento seguirá adiante em direção ao amanhã que o espera deixando os vapores mortíferos e os venenos oferecidos para trás e quando avistar a terra nova lá fará sua morada...
W. R. C.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012



Quase no horário
 
Quando a noite romper
Para o outro lado
Depois da meia noite...
É hora de nossa escolha,
Os dados foram lançados,
Peças foram posicionadas,
Os ponteiros cantam novidades
E números se fazem versos,
Vozes se fazem traços
No desmembrar da consciência;
Um novo dia irá nascer,
Desprendido de suas rosas
Cicatrizando as feridas
Deixadas pelos espinhos
Quando o sangue deixar de fluir...
E a história termina,
Rabiscando outras páginas;
E outra jornada começa
Pintando novas telas,
Deixando a melodia ecoar...
Como poderemos acreditar
Se existe o bem e o mal,
Se o amor
Vai mesmo colorir
Nossos dias cinzentos,
Se a verdade
Não perderá a batalha
Para a mentira?
As portas
Começam a se abrir,
No girar da maçaneta,
No acender da luz opaca;
Uma página em branco
Adentrando a sala de estar
Que te espera...
Linhas que se escrevem;
Um ponto,
De partida,
A vida se escreve;
Um ponto,
De chegada,
A vida continua...
W. R. C.


segunda-feira, 10 de dezembro de 2012



Poema IV
 
Não adianta
Fechar as portas
Do coração,
Seus batimentos
Continuarão sem pressa
A irrigar as paixões,
Percorrendo veloz
Por toda a carne
E o sangue inundará
O corpo, os membros,
Que pulsam; que vibram
Com inúmeros sentidos
E respostas reveladas.
 
Não adianta
Esconder sentimentos,
As janelas da alma
Revelam a verdade,
Qual o motivo
Desse mistério
Que se faz vida,
Muito na verdade
Não é o que parece ser...
No final
O tempo sempre terá
A mesma face;
Se quiser jogar,
É bom
Que tenha boas cartas.
 
Não adianta
Esconder o presente
Entre a cortina de fumaça,
No palco da vida  
Tudo pode acontecer
Ele irá escrever o futuro
Desenhando fatos diversos,
Irá moldar novos atos
E irá responder
Nossas perguntas
Enquanto escreve
Suas variadas linhas
E revelas suas formas...
W. R. C.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Escadaria
 
Sentado nas escadas que levam aos jardins, distanciando do agora e seus véus escurecidos, observando a manhã desenhar suas cores no arrastar das horas desmembradas, que constroem moradas petrificadas onde residem os sentidos e suas normas, deixando seus sabores evaporarem com a fumaça do incenso e o pensamento profundo que desenham sentimentos em traços precisos e formas delicadas, remendando os passos perdidos degrau por degrau abrindo a porta que está fechada e adentrando no grande salão na montanha mais alta. As flores sopram seus aromas em um odor musical e suave, o canto das doze constelações que se desdobram no arrastar das estações, no conjunto de tantos dizeres, entre muitos vapores no tempo enfim, no agora sem deixar nada para depois.
  Muitas vozes foram sopradas, muitas linhas precisas e imprecisas rabiscadas nos papéis que foram amassados, nos carretéis de linhas diversas que abrigaram versos, verbos e sentimentos que não foram gritados; agora observando distante, absorvendo os néctares do presente sem culpa que me trouxeram bem aqui, muitas vezes em passos errantes, no vai e vem de escolhas e escolhidos pelo trajeto delirante e as escadarias que se sobem, foi dessa mandíbula tão falante, muitos dizeres ocultos, muitos quereres em vultos, muitas imagens em sombras, que deixaram de forma discreta muito de suas normas, caminhos desiguais, muitas vezes tortuosos, muitas vezes em linhas retas, abrindo uma janela e deixando os pássaros saírem e voarem livres...
Foi entre um e outro amanhecer no ciclo diário de tantos devaneios que a figura calada se formou, gritando em silêncio, em linhas que quase nunca são lidas, cantou em prosa, em poesia, suas faces, suas fases, seus versos ao inverso, venenos e doçuras do avesso antes do papel ser amassado e a fotografia desbotar.
Agora aqui sentado na escada que me leva ao interior dos pensamentos onde semeio muitas de minhas vontades e verdades a serem colhidas no decorrer das escrituras pintadas formando a sólida estrutura cantada de meus amores, de minhas saudades, do que nem sei se realmente existe, espero e escrevo escritas do ser antes que venha o próximo anoitecer e o meu novo escurecer de sentidos, antes que venha o verbo e conjugue sem querer o presente e o pretérito nada perfeito, antes que o meio dia venha com sua curva e as canções de tantos outros falantes a colidirem com as minhas...
W. R. C.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012



Luar dos Famintos
 
Dos amantes amigos,
Dos profetas poetas,
Luar de tantos nomes;
Entre risos e gemidos
Dardos mortíferos e setas,
O ser faminto e sua fome...
 
Entre falas de escritas tortas,
Vestes ao acaso escolhidas
E o caminho desvendado;
Na noite e suas sombras
Antes da despedida
O poeta ficou calado...
 
O relógio gira depressa,
O tempo se faz concreto
Quando suave sopra verdades,
A luz se torna escassa
Quando chego mais perto
E exponho minhas vontades...
 
E pulsam e fervem,
Borbulham inúmeras sensações,
O ir e vir de todas as vozes,
Os passos que se escrevem
Pelas diversas estações
Repletas de trevas, de luzes...
 
Luar dos famintos
Encanta o mais tímido mortal
Conduz a morada petrificada,
No caminho da vida, labirinto,
Pelas veredas do bem e do mal,
Traçando mais uma vez a minha jornada...
W. R. C.