Daqui
para frente
Vemo-nos,
nos temos; em goles sorvidos da vida, em tragos desprendidos do consciente que
passeiam despreocupados nas sombras do presente rasgando o véu embaçado da
realidade, movendo-se lentamente no bailar desengonçado das escolhas precipitadas,
dos escolhidos mal amados e do gotejar de muitos sentidos; olhos vermelhos em
sangue escondido tentam enxergar os desejos dos corações que palpitam gritantes
enquanto luzes se acendem, o verbo se conjuga e a poeira se desfaz.
Quando
velas desiguais queimam e derretem trazendo luzes vacilantes que bailam
frenéticas ao som de ideais famintos; o corpo em combustão queima, a mente
converte pensamentos guardados em possibilidades gritantes: cada um sozinho em
meio aos convidados segue adiante acreditando em sonhos acordados na transformação
da realidade despida enquanto sentimentos nobres se tornam abominações diante
do olhar nefasto da multidão que segue apressada e na maioria das vezes cega.
Um grito, um sussurro, um bocejo, faz ecoar despercebido tudo que sai e plana
sorrateiro com a direção precisa após o anoitecer de muitos sentidos que se
modificam quase sempre despercebidos entre as possibilidades discretas e uma
reflexão profunda que distorce o hoje e reformula o amanhã.
O
amanhecer das novidades pode se revelar quando o mármore reluzente do orgulho
não mais gritar suas futilidades; coexistindo com as transformações cinzentas e
mutáveis de todas as sementes distribuídas após o piscar silencioso de nossas
atentas janelas. Palavras conjugam vontades que ganham cores vibrantes nesses
jardins plantados no decorrer de nossas passagens; os brotos dos dias que já
morreram se despedirão sem muita conclusão levando a bagagem pesada aos confins
do consciente; tragos sorvidos da vida em seus venenos tóxicos não querem mais
te prejudicar, depois de tantas despedidas que muito nos iludiram começam a se
explicar, em sons discretos que pouco se escuta e que muito se quer no decorrer
diário, daqui para frente...
W.
R. C.