quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Torre de Pedra



Torre de Pedra

Observando o horizonte distante e o bailar de nuvens diversas até onde eu pude enxergar; cada luz que ia fugindo perdida entre às horas e suas vozes e tudo àquilo que não pude segurar, que escorreu por meus dedos e desapareceu no chão. Vindo sorrateiros os ventos que cresciam e iam se juntando aos pensamentos que sopravam meus desejos em direções diversas; vinham das árvores, de suas folhas escritas em verso ou prosa, com pontos e vírgulas e todas suas vozes, e estavam lhe chamando; as cortinas sopraram na torre de concreto onde um rosto pálido ainda espera quem está do lado de fora, como melodia de sonhos cinzentos as notas musicais de cada sentido que se propagam e sobem em direção ao luar.
Dobrando as arvores que dormiam tranqüilas no alto destes sonhos
de duas cores, preto e branco; tentando abrir o céu que se fechou por um instante e ocultou o grito que se tornava verbo.
Pássaros voaram para fugir da tempestade descontrolada dos sentimentos; o firmamento grita em estrondo tempestuoso cada uma de suas vontades, de seus mais íntimos anseios, um lacrimoso pranto que cai de nuvens distorcidas escorrendo a ladeira do acaso e a tempestade desce feroz...
Eu segui a sorte ao redor de cada um desses meus dias que evaporaram e os que meus pensamentos me diziam em sussurros variados, com vozes de sopros do passado que ecoaram silenciosos no presente, procurando em vão através da névoa escurecida deste sonho, cada uma daquelas noites que se foram e aquele rosto que a muito não via; foi quando pude perceber que minhas mãos estavam vazias e meu peito ainda cheio de tudo aquilo que nunca me deixou e o que ainda tanto procuro entre os dias e suas faces. Eu só encontrei chuva.
Refletia a chama de meus olhos no espelho embaçado de cada lembrança, entre os passos novos de cada dia, uma fagulha ainda sussurrante de tudo aquilo; será guardada em gavetas de lembranças, em caixas de saudade e eu seguirei adiante.
Eu me deitei e sonhei, e pude ver novamente o livro aberto com páginas em branco, pronto a se escreverem; como se ainda existisse aqui, as chaves em minhas mãos, cada segundo se despejando, algumas horas se recriando outra vez, a possibilidade de um novo plantio, devaneios embaçados se desprendendo da mente que se expande, aves noturnas voando e falando seus cantos, dizendo o que está por vir, a torre de pedra fica pequena para tantos pensamentos.
Todo o tempo esperando respostas das perguntas que fazemos para a vida, cada hora em que se passa tão calada quanto nós, quando não sabemos mais o que dizer enquanto o sol se põe na névoa e a lua se esconde por traz das nuvens; todo o tempo esperando perguntas, cada hora parece um dia adormecido quando as respostas ainda falam baixinho e não abrem os seus olhos para poder enxergar.
Eu não tive medo de cada um de meus sonhos, quando escurecidos me arrastavam para longe, nem das cores opacas que haviam se formado em meio a tantas vontades sussurrantes; a prisão de pedra que se criou em minha cabeça, essa de janelas estreitas e sem muros, mas cheia de tantos outros sentimentos que repousam dentro do coração, da alma,do espírito e da mente.
Cada página vermelha, cada luz que se apaga, esse corpo que se incendeia, esse peito comprimido, essa vontade que fala alto, essa voz que se propaga, essas linhas que se escrevem; cada um desses gemidos no alto da torre de pedra nesse dia que escurece...

W. R. C.

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