segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Dias Cinzentos



Dias Cinzentos

Nós temos visto a vida por olhos embaçados
Por lágrimas constantes que caem diariamente,
Imagens distorcidas até mesmo diante do espelho,
Quando recordações nos fazem estremecer;
Nós sabemos que precisamos aprender,
Jogar novas sementes, que um dia também foram jogadas,
Cuidar do que já germinou, e que hoje secou,
Mas ainda vive em nossa mente.

A corrida é iniciada e o livro é lido,
Página por página se constrói,
Muito vem a tona, nas asas do tempo,
O fim começa a mostrar que
A verdade está lá fora, gritando,
Os nomes e os rostos que não se veem mais,
As mentiras são velhas, mas ainda ferem,
Anciões perversos e impiedosos,
Carrascos saguinolentos do presente tortuoso,
Com armas mortíferas de milênios,
Cravadas no peito que ainda sente;
Mas nós não queremos saber,
Não conseguimos mais, não percebemos.

Ninguém jamais vai nos deixar saber,
Quando perguntamos as razões, o por quê?
Cada vontade que ainda grita alto?
Eles apenas dizem que tudo ficará bem,
Que amanhã a chuva irá irrigar a terra,
Enchem nossa cabeça de mentiras,
Nossos corações de ilusões
Se dissolvendo em culpa, em arrependimento,
Sonhando com o amanhecer que nunca chega...

Os portões da vida fecharam para nós,
Os jardins floridos secaram,
E agora não há nenhum retorno,
Pelo menos ainda não sabemos o caminho;
Você me vê por trás do espelho da dúvida,
E eu te vejo em meus sonhos nebulosos,
Nós desejamos que as mãos da destruição
Possam levar nossa mente embora,
Ou apagar os erros, para poder tentar novamente,
Ver o que talvez ainda possa florescer..

Agora não ligo se não ver novamente a luz do dia,
Se minha noite for eterna, e meus sonhos dolorosos,
Pois cada passo nosso leva a um lugar distinto;
Você conhece bem o seu caminho,
Sabe onde poderia se esconder da tempestade?
Pra onde podemos correr, o que mais podemos fazer?

Não há mais amanhã, a vida está nos matando,
Devorando os sentimentos dos homens,
Nós estamos matando a vida a cada dia,
Os sonhos viram pesadelos, o paraíso vira inferno,
Desiludido, confusão, dias cinzentos,
Tudo ao seu redor, o que virá,
Cães famintos devoradores de amor?

Nada mais a fazer, nada mais a dizer,
Apenas o que ainda bate aqui dentro
Vivendo apenas para morrer,
Matando o que insiste em viver,
Distante de minhas mãos,
Atrás do véu negro da saudade,
E os muros sólidos da distância,
Morrendo a cada gota de paixão pingada,
Morrendo apenas por você.

W. R. C.

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