quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Daqui para frente
 
Vemo-nos, nos temos; em goles sorvidos da vida, em tragos desprendidos do consciente que passeiam despreocupados nas sombras do presente rasgando o véu embaçado da realidade, movendo-se lentamente no bailar desengonçado das escolhas precipitadas, dos escolhidos mal amados e do gotejar de muitos sentidos; olhos vermelhos em sangue escondido tentam enxergar os desejos dos corações que palpitam gritantes enquanto luzes se acendem, o verbo se conjuga e a poeira se desfaz.
Quando velas desiguais queimam e derretem trazendo luzes vacilantes que bailam frenéticas ao som de ideais famintos; o corpo em combustão queima, a mente converte pensamentos guardados em possibilidades gritantes: cada um sozinho em meio aos convidados segue adiante acreditando em sonhos acordados na transformação da realidade despida enquanto sentimentos nobres se tornam abominações diante do olhar nefasto da multidão que segue apressada e na maioria das vezes cega. Um grito, um sussurro, um bocejo, faz ecoar despercebido tudo que sai e plana sorrateiro com a direção precisa após o anoitecer de muitos sentidos que se modificam quase sempre despercebidos entre as possibilidades discretas e uma reflexão profunda que distorce o hoje e reformula o amanhã.
O amanhecer das novidades pode se revelar quando o mármore reluzente do orgulho não mais gritar suas futilidades; coexistindo com as transformações cinzentas e mutáveis de todas as sementes distribuídas após o piscar silencioso de nossas atentas janelas. Palavras conjugam vontades que ganham cores vibrantes nesses jardins plantados no decorrer de nossas passagens; os brotos dos dias que já morreram se despedirão sem muita conclusão levando a bagagem pesada aos confins do consciente; tragos sorvidos da vida em seus venenos tóxicos não querem mais te prejudicar, depois de tantas despedidas que muito nos iludiram começam a se explicar, em sons discretos que pouco se escuta e que muito se quer no decorrer diário, daqui para frente...
W. R. C. 

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