quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Qual é a realidade?



Qual é a realidade?


Sinto essa fria brisa 
Esperando minha última respiração,
Que explode em meu peito e corre por minhas veias;
Do outro lado da cidade o espelho chama meu nome,
Quer me mostrar novidades,
Quer me mostrar novos caminhos...
No meio da escuridão entre folhas mortas,
A ponte aparece e um rosto entre a névoa,
Eu pulo para dentro do lado escuro,
Despenco sem saber se voltarei,
Sem saber para onde irei,
Eu ouço uma voz, fria como gelo,
Sussurra em meus ouvidos:
_Bem vindo a realidade!...
O que são essas cores, onde eu estou agora?
A escuridão me cerca, a luz foge de mim,
Não posso ir adiante, não posso voltar...
Eu vejo o planeta morrendo,
O homem o consumindo devagar,
Eu vejo as pessoas abrindo suas caixas vazias,
Seu peito nu  em tremenda indiferença,
Prontas a cuspirem seus venenos,
A destilarem sua peçonha nos olhos dos que os veem.
Eu olho do outo lado da  rua, 
Eu olho atrás do espelho,
Entre as frestas enegecidas do tempo,
Tento correr em direção ao silêncio,
Estou perdido no corredor do crepúsculo,
Entre fogo e sangue, lágrimas e soluços,
Palavras duras e gritos mudos,
Pedras que caem, rostos que somem...
Qual é a realidade?
Algum dia eu irei voltar por um instante no tempo,
E verei novamente os bosques verdejantes,
As noites de cores brilhantes,
Algum dia plantarei novas sementes;
Será quando o espelho estiver caido
E seus cacos de vida estiverem no chão.
E agora nesta realidade,
Já não existe mais cores aqui,
Me leve embora do lugar que eu estive,
Para o outro lado da página
Aos castelos de mil portas.
Mas qual é a realidade,
Onde deveremos estar, 
Qual porta será a certa?  
Sentimentos que se esfriam... Vozes que se calam...
Vida... Morte... Destino... Sorte...
Pedaços que se constroem... Que se destroem...
E todos os corações endurecidos;
Olhares vazios, uma busca sem fim,
Vontades gritantes num silêncio agonizante... 



W. R. C.  

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