terça-feira, 1 de novembro de 2011

Vão se Escrevendo


Vão se escrevendo


Penso em tantas coisas, sinto todos os dias,
E vão se escrevendo a todo instante
Essas sensações que invadem meu ser,
Tempestades e trovões que não se findam
Bombardeando cada parte de mim,
Fragmentando minhas horas em devaneios,
Em vultos de memórias cinzentas
Que se espalham como migalhas no chão.
Aqui sentado de frente para porta de minha casa,
De minha mente e tudo que brotou, ou secou e caiu,
E meu jardim silencioso que não me diz nada;
Também digo palavras que ninguém escuta,
Que ecoam sozinhas no firmamento,
Versos que se perdem no ar,
Sussurros de sentidos que nunca chegam onde quero,
Vontades caladas tentando gritar.
Deixei um verso solto ao vento, na fumaça do incenso,
Rodopiando, girando em espiral
Entre as horas de meu dia e meu derradeiro lamento,
Perdido entre as ruas e suas armadilhas
Ocultas em cada esquina insana
Com suas vozes grosseiras e suas feridas;
Entre tudo que tentei dizer e o que tanto quero,
Solto no tempo e na escuridão do mundo.
Estas sombras, estas nuvens, tanto de mim
Que nem sei se um dia ficou em você,
E você por toda parte e ainda aqui;
Estes sonhos dolorosos, outro gole de vida
Garganta abaixo, alma adentro,
Tateando vontades falantes,
Tocando saudades escurecidas,
E minhas mãos ainda vazias,
Pois o que quero ainda espera longe de mim;
Quero tanto, quero tudo, mais um pouco,
Cada página, cada luta, todas as linhas,
O livro sagrado fora aberto e não irá se fechar agora,
Pagina por pagina se constrói
Pelos dias que se seguem e suas curvas;
E cada verso perdido, que seja encontrado,
Entre os meses e suas semanas,
E cada sonho recriado novamente,
Do barro de cada vontade, de cada procura,
Tudo que já fora escrito,
E tudo que irá se escrever...


W. R. C.

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