domingo, 22 de abril de 2012

Entre as Vozes e o Tempo



Entre as vozes e o tempo

Despertar é quase sempre assim, outra noite se abre e segue com o aglomerado de brumas, de nuvens lacrimosas no céu, que foram se formando, fumaça dos sentidos de todas as distrações no conjunto disforme de emoções diversas; algumas serão enclausuradas em tumbas gélidas para adormecerem, guardadas distante do presente e suas faces.
Horas e horas e o silêncio venceu a guerra, eu espero aqui parado, o tique e taque do relógio marca as palpitações, coração acelerado ainda espera embora as coisas mudassem em meio aos dias que passam; e mudam muito, muito em mim, quando o espelho revela isso e um pouco do que está por vir, tudo em seu tempo e o tempo não irá esperar por ninguém...
Acordado eu fico quieto observando, entre as vozes e o tempo,em anoiteceres que falam pouco, absorvendo tudo o que sinto, sentindo aquilo que quero, meus pensamentos se perdem no céu entre nuvens cinzentas depois que o sol se esconde; é sempre assim, as mudanças são lentas, vem em pequenos passos e seguem sem olhar para trás...
Talvez uma cartomante para ler o futuro ou as linhas disformes de minha mão; talvez o destino nos conforte então sobre suas asas e devaneios escrevendo suas páginas, transformando nossos caminhos, moldando sonhos em rochas palpáveis; talvez uma chama possa iluminar o caminho quando os papeis se escrevem.
Lanço uma moeda no poço profundo de meus sonhos, buscando palavras que ainda não ouvi que falem um pouco mais, talvez o firmamento me dê uma resposta, soprando melodias em meus ouvidos em trovoadas discretas, talvez a verdade já esteja diante de mim para me mostrar o caminho certo, sussurra verdades em brisa de vento, enterra tristezas em tumbas de pedra, constroem pontes que levem ao outro lado de minhas procuras.
As cores da minha vida se transformam e tornaram-se variações de sentidos, no fogo de minhas paixões complexas, tantos caminhos de promessas seguidos de formas diversas; indecisões envenenam a mente dos que se perderam no labirinto, uma vontade fala ao coração, saudade tira todo o meu ar, esperança perdida se encontra novamente entre os dias e suas vestes, ela sai para ver o jardim de novidades.
No entanto minha jornada deve continuar até o fim, até o fim de meus dias cinzentos quando o sol se mostrar e iluminar os campos verdejantes após aquele amanhecer tão esperado; essa jornada irá até o fim de minhas ilusões e o começo da realidade, e quando caminho sozinho nos dias que se seguem, uma voz me alerta, mostra saídas e novos lugares, eu vejo um homem no espelho olhando para mim com chaves e papeis nas mãos, com fogo e brilho nos olhos...
Aqui estou eu, na travessia da vida eu permaneço em suas pontes diversas, olhando de um lado para o outro, guardando o que não posso mais sentir, e distante não vejo nada, não vejo ninguém, sozinho olhando a estrada, escutando o som de cada vento que sopra em direção às janelas azuis, embora a verdade seja desconhecida e os cavalos correm selvagens pelos bosques verdes da despedida, a vontade se torne muda enquanto as linhas se escrevem, o mundo nos mostra várias saídas em tantas portas variadas, nunca se sabe qual é a certa, nem qual levará ao destino querido, mas pode-se saber o que se quer antes de cruzar a entrada.
Embora os dias sejam frios e as noites agitadas, meu coração queima em chamas, meus pensamentos sobem aos céus, eu caminho sozinho pela estrada e sigo meus ideais em direção ao amanhecer desconhecido e seus jardins que se transformam.

W. R. C.

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