segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Apenas um instante





Apenas um instante


Ruas de pedras, alma de vidro,
Frágil e quebradiça,
Tudo que quero neste instante
É um outro instante que ainda não tive;
Janelas silenciosas observam atônitas,
Os passos errantes do homem,
Em cada esquina que se encosta
E fica a remoer sentimentos e sentidos,
Cores que vão morrendo no intimo de seu ser,
Flores adormecidas no fundo do peito,
Vozes caladas por ruas cinzentas...

Cidades em ruínas, encontro inesperado,
Sussurros e sentidos que se mesclam,
Em um turbilhão de eras, de horas,
Em um, em outro, em tudo ao redor;
Cá estamos compartilhando sentimentos,
Reconstruindo vontades perdidas,
Levadas aos montes em cascatas de ventos,
Relembrando memórias passadas,
Perdidas entre soluços vermelhos,
Coexistindo com o presente e seus mistérios.

Sou o guardião de minhas paixões esquecidas,
Desilusões violetas escondidas,
Que foram tiradas de mim e trancadas,
Pelo tempo impiedoso, este carrasco,
Tudo arquivado em câmaras sombrias
Em telas de papéis enrolados,
Aprisionadas no intimo d'alma;
E eu aqui me encontro parado
Estátua em pedra polida,
Tentando lembrar onde estão as chaves,
Imaginando se essas paixões ainda vivem.

Sigo essa estrada de terra e concreto,
Molhada pela chuva de todos os que choram
Em direção a minha morada de silêncio,
Onde posso rever meus sentimentos,
O pouco que pode ter restado,
E que flutua em sonhos de néon;
Ver o que ainda pode florescer,
E o que tem que ser enterrado de uma vez,
Em tumbas de memórias guardadas;
Vou a passos lentos, sem pressa,
Sei que o amanhã ainda irá me esperar,
Mesmo que seja para me dizer adeus...


W. R. C.


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