quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Aquela Manhã





Aquela manhã


A manhã chega cedo demais,
E a noite cai tardiamente,
Trazendo suas perguntas,
Ocultando algumas respostas,
E às vezes tudo o que quero fazer é esperar,
Um outro capitulo, uma nova estação!

A sombra na qual estive me escondendo
Fugiu de mim hoje,
Eu sei que é mais fácil ir embora
Do que olhar isto no olho,
Dizer tudo o que se sente;
Mas eu irei levantar um abrigo ao céu
E embaixo de alguma estrela hoje à noite deitarei,
Ela irá lentamente ceder à luz
Enquanto eu desperto da noite mais longa,
E das sensações mais dolorosas...

Os sonhos estão agitados
Faz com que as sereias acordem com olhos cansados,
Com a luz, as memórias, os sentimentos;
Tudo se embaralha em minha cabeça...
Perto de uma vela há um espelho,
Refletindo minha tristeza e minhas vontades,
Reflexo d'alma, imagem distorcida,
Coisas que vão surgindo, que vão sumindo.

Coração e alma agora dançam,
Estão dançando através das estações
E andando em direção à janela,
Me jogo contra a parede,
Despenco em meus conceitos,
Este muro enegrecido de saudade,
Uma torre de marfim onde chamo um nome,
Que nem sei se algum dia me escutou...
Deixe a luz te envolver, e os pensamentos fluírem,
Faz muito, muito tempo, as horas se arrastam,
O despedaçar dos sentimentos,
E no fim apenas vemos a mudança,
Da luz para o escuro...
Do escuro para a luz...

O paraíso deve ser mais do que isso,
Quando os anjos acordam com um beijo,
E os demônios sopram suas canções à noite;
Corações sagrados não levarão a dor
Mas o meu nunca mais será o mesmo,
Bate em ritmos diversos e ecoa distante,
Grita em profundo silêncio
E sua sombra lentamente some da parede...

Em meus sonhos ainda reside,
Figura angelical a colorir devaneios,
Sussurra palavras para clarear minha mente,
O fogo de seus lábios conforta meu coração,
O calor de seu corpo acalmaria minh'alma;
Eu uma vez pude ver mas agora finalmente,
Estou cego... Ainda faminto...
Tudo se foi... Não sei se volta mais...

Não tive tempo de organizar pensamentos,
Traçar uma rota segura em meio aos espinhos
Que iam se formando, no jardim de minhas insanidades,
Tentei contar tudo, expor todas as cartas,
Em papéis de telas virtuais,
Mas eu dei tudo aquilo que pude pegar,
E o que tive evaporou no ar quente daquela manhã,
Onde não mais podia olhar em seus olhos...

E agora só tenho hábitos a quebrar,
Paredes a destruir, pilares a desmontar,
Lágrimas a secar, passos a seguir;
Esta noite eu ainda deitarei aqui,
Debaixo de uma estrela qualquer,
E a lua nova brilhando no céu
Envolto por toda a luz de minhas lembranças...

W. R. C.

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