quarta-feira, 13 de julho de 2011

Em um canto escuro





Em um canto escuro


Manhã: aqui estou eu sozinho,
Entre os livros que dizem tanto,
E uma alma que tem tanto a dizer:
Perdido entre as eras, o ontem e o hoje,
O anoitecer de vários sentimentos,
O escurecer de uma única paixão;
Meus olhos turvos veem saudade,
Minha mente virou pedra,
E despenca ladeira abaixo;
Minha voz ecoa distante,
Lamentando o que nunca disse;
Meus pensamentos agonizam em dor
Dilacerados por escolhas frustradas
E meu coração se encheu de gelo,
Uma pedra branca e fria presa em desejos e vontades,
Para escapar, ele está se partindo em dois
Consumindo sentimentos, espalhando sonhos perdidos.
Pássaro de olhos vermelhos parado na janela,
Obrigado meu querido e velho amigo,
Mas você não pode ajudar,
Este é o fim de uma história mal contada,
Que já começou póstuma, se enterrando devagar,
Entre os dias que passam sem se despedir,
E as memórias que vão adormecendo...
Eu não terei sono esta noite,
Eu não terei fome este dia,
Não me afundarei mais uma vez em meus pesadelos...
Em meu coração, em minha alma,
Enclausurado se encontra aquele sentimento,
Com portas fechadas, em um canto escuro,
Eu realmente odeio pagar este preço,
Essas moedas de lados vazios,
Esses sonhos de cores opacas,
Essas procuras sem fundamento,
E portas trancadas por correntes;
Eu deveria ser forte e corajoso
Travar cada batalha, secar o sangue e as lágrimas,
Mas a única coisa que sinto é dor...
Está tudo bem, ficaremos bem,
Assim como tem que ser,
Assim como a fina chuva cai,
Trazendo segredos do outro lado da página,
Confiando em minha confiança,
Alimentado por distorcida esperança
E o pão amargo de cada manhã solitária.
E digamos está tudo bem;
Vamos seguir nossos caminhos,
Eu não passarei a noite sozinho
E nem você também...
Agora me encontro aqui
Com meu coração, com minha alma,
Pedaços arrancados de minha carne,
Alguns ainda choram... Nós... Comprados e vendidos...
Em uma esquina exposto aos sentimentos,
A mercê dos desejos e vontades,
E corações a serem lapidados;
Aqui estou eu, desesperado em meio a tantos erros,
Distante dos acertos e suas portas,
Afogando em lamentos mudos e soluços
Em um canto escuro em total silêncio.


W. R. C.

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