segunda-feira, 4 de julho de 2011

Diante do Espelho





Diante do espelho



Olhos obscuros, repletos de tristeza e agonia,
Face pálida que mais uma vez grita calada e estremece
Diante de sentimentos que lentamente se escurecem
No decorrer frio e mórbido, na dor profunda de cada dia.

Outrora existiu, uma pequena fagulha de alegria,
Que mesmo a memória, de saudade chora e esquece,
Despencando em queda livre, ao inferno rápido se desce,
Pensamentos se acumulam em uma estranha gritaria.

Reflexos d'alma, gritos que ecoam, pedaços de mim,
Cacos de vida que se formam lentamente,
Fagulhas pingadas, sonhos decadentes
Evaporando-se pelo cosmo, vontades sem fim.

Porque desta imagem distorcida assim?
Disforme rosto, dor que no peito se sente,
Lágrima salgada, lágrima quente,
Fluido vital que escorre de mim...

Diante do espelho, tento enxergar o futuro: é tão vazio,
Me perco como uma criança em um lugar desconhecido
Calada a observar as pessoas ao redor, sentindo a chuva e o frio,

Quero voltar ao ventre materno como antes de ter nascido,
Quero abrir novas portas sem que sinta este medonho arrepio,
E diante do espelho, no silêncio que se faz, este é meu único pedido.



W. R. C.

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