domingo, 4 de novembro de 2012

Em algum lugar do tempo:
 
Despertar é quase sempre assim, outro dia se abre com o aglomerado de brumas de nuvens lacrimosas no céu, que foram se formando, fumaça dos sentidos de todas as distrações no conjunto disforme de emoções diversas; algumas serão enclausuradas em tumbas gélidas para adormecerem, guardadas distante do presente e suas faces enquanto a fumaça sobe e cumpre seu papel.
 Horas e horas e o silêncio e os sussuros venceram a guerra, mesmo sabendo que tudo se encaixa e se tranforma para moldar algo novo ,eu espero aqui parado, o tique e taque do relógio marca as palpitações, coração acelerado ainda espera embora poucas coisas mudasse em meio aos dias que passam; não mudam muito, não em mim, não ainda, tudo em seu tempo e o tempo não irá esperar por ninguém durante a contrução de suas obras...
 Acordado eu fico quieto observando, em manhãs que falam pouco, absorvendo tudo o que sinto, sentindo aquilo que quero, meus pensamentos se perdem no céu entre nuvens cinzentas e o sol que se esconde; é sempre assim, as mudanças são lentas, vem em pequenos passos e seguem sem olhar para trás levando para o outro lado, esperando as estações e outras linhas.
 Talvez uma cartomante para ler o futuro ou as linhas disformes de minha mão entre as escrituras de meu eu; talvez o destino nos conforte então sobre suas asas e devaneios escrevendo suas páginas, transformando nossos caminhos, moldando sonhos em rochas palpáveis, verdades em sementes, buscas em realidades.
 Lanço uma moeda no poço profundo de meus sonhos, buscando palavras que ainda não ouvi que falem um pouco mais, talvez o firmamento me dê uma resposta, soprando palavras em meus ouvidos, talvez a verdade já esteja diante de mim para me mostrar o caminho certo, sussurra vontades em brisa de vento, enterra tristezas em tumbas de pedra, constrói pontes em abismos profundos.
 As cores da minha vida se transformam e tornaram-se variações de sentidos, no fogo de minhas paixões complexas, tantos caminhos de promessas, indecisões envenenam a mente dos que se perderam no labirinto, uma vontade fala ao coração, saudade tira todo o meu ar enquanto sussurro meus sentidos, esperança perdida se encontra novamente entre os dias e suas vestes, ela sai para ver o jardim de novidades e aguarda as primeiras flores se desenharem.
 No entanto minha jornada deve continuar até o fim, até o fim de meus dias cinzentos quando o sol se mostrar e iluminar os campos verdejantes, essa jornada irá até o fim de minhas ilusões e o começo da realidade, e quando caminho sozinho nos dias enfim, uma voz me alerta, mostra saídas e novos lugares, eu vejo um homem no espelho olhando para mim com chaves e papeis nas mãos, com fogo e brilho nos olhos, pronto para renovar as escrituras...
 Aqui estou eu, na travessia da vida eu permaneço em suas pontes diversas e caminhos bifurcados, olhando de um lado para o outro, guardando o que não posso mais sentir, e distante não vejo nada, não vejo ninguém, sozinho olhando a estrada, escutando o som de cada vento que sopra em direção às janelas azuis, embora a verdade seja desconhecida e os cavalos correm selvagens pelos bosques verdes da despedida, a vontade se torne muda, o mundo nos mostra várias saídas em tantas portas variadas, nunca se sabe qual é a certa, nem qual levará ao destino querido, mas pode-se saber o que se quer.
 Embora os dias sejam frios e as noites agitadas, meu coração queima em chamas, meus pensamentos sobem aos céus, eu caminho sozinho pela estrada e sigo meus ideais em direção ao amanhecer desconhecido e seus jardins que se transformam.
W. R. C.

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