O
Meu Soneto
Em
atitudes e em ritmos fleumáticos,
Erguendo
as mãos em gestos recolhidos,
Todos
brocados fúlgidos, hieráticos,
Em
ti andam bailando os meus sentidos...
E
os meus olhos serenos, enigmáticos
Meninos
que na estrada andam perdidos,
Dolorosos,
tristíssimos, extáticos,
São
letras de poemas nunca lidos...
As
magnólias abertas dos meus dedos
São
mistérios, são filtros, são enredos
Que
pecados d´amor trazem de rastros...
E
a minha boca, a rútila manhã,
Na
Via Láctea, lírica, pagã,
A
rir desfolha as pétalas dos astros!..
Florbela
Espanca, in "A Mensageira das Violetas"
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