quarta-feira, 4 de maio de 2011

Sentimentos Ocultos





Sentimentos Ocultos


Se eu pudesse ver o céu acima,
Planar sorrateiro sob nuvens cinzentas,
E a minha mente pudesse se libertar
Como cavalos negros selvagens,
Em galope veloz, que chegam à praia,
Que cavalgam por sonhos e realidade,
Eu ficaria sozinho e vigiaria,
O ponteiro e o relógio,
A lâmpada e suas luzes,
O jardim e suas belezas,
As linhas e seus paragrafos,
O corredor e suas portas...
Devo esconder o que restou de mim,
Ocultar isto que surgiu naquela noite,
Apagar de vez essa chama,
Devo me calar de uma vez por todas?
E se o arbusto diante de mim irromper em fogo,
E suas fagulhas em brasas se espalharem,
E sua fumaça turva subir aos céus;
Deverei desviar meus olhos,
Silenciar o tempo que passou,
E ainda assim poderei ouvir as vozes
Tão claramente quanto a luz do dia?
Eu acreditei em meus sonhos,
Eu plantei flores e só colhi seus espinhos,
Que rasgaram lentamente min'alma,
Nada poderia me fazer mudar de idéia,
Agora eu sei o que eles querem dizer:
Como eu pude ter sido tão cego,
Tão mudo, tão surdo?
Turvas areias do tempo,
Gotas cristalinas da saudade,
Ventos que sopram tão frios quanto o gelo,
Pedaços perdidos de sentimentos,
Sussurros de amores levado pelo vento,
Preces que virão à noite...
Devo esconder o que restou de mim,
Ocultar isto que surgiu naquela noite,
Devo me calar de uma vez por todas?
Eu passei por momentos
Em que ninguém se importava,
Eu vi o céu e o inferno que assolam o homem
Quando tentam construir castelos,
Muitos de areia, muitos de papel,
Calado, gritando sentimentos mudos,
Palavras que se perderam ao acaso,
Sentimentos que evaporam devagar;
Eu tenho nuvens em céus vazios,
Sorrisos em bocas fechadas,
Sentimentos que vão parar no deserto,
Olhos que não veem mais nada...
Quando uma única palavra gentil
Significa mais para mim,
Quando o tempo não mais é meu amigo,
Quando eu fico horas sem dizer nada...
Deve terminar como uma lembrança
Do que todo o amor no Paraíso,
Ou um tormento eterno no mármore infernal?
Eu acreditei em meus sonhos,
Eu cultivei flores no escuro,
Eu colhi maçãs ainda verdes,
Quando fomos aos jardins do Édem.
Nada poderia me fazer mudar de ideia,
Até que eu entendi o que queriam dizer,
As palavras se fragmentarem,
Os caminhos se perderem,
Toda rosa murchar;
Até que ví tudo se avaporar no ar,
Desaparecendo diante de meus olhos,
Nada pode me salvar agora,
Nunca se escrevem duas linhas iguais,
Nada faz voltar o que era antes...
Devo esconder o que restou em mim,
Ocultar isto que surgiu naquela noite,
Devo me calar de uma vez por todas?


W. R. C.

Um comentário:

  1. ..parece criar uma atmosfera de indecisões..de opções vencidas..ainda há um tempo nublado nos céus dessas letras..uma certa derrota no sentido desses versos.
    Devo concordar q ainda é noite..e q essa temática é recorrente nos seus textos..não sentido temporal ..real ..do q venha á ser a noite..
    + da melancolia e pessimismo q dela se faz figura de linguagem ou tela pra se pintar um quadro.
    Mais devo ressaltar q nada disso subtrai (ao me ver ou ler)a beleza e maestria com q usou a metáfora..numa trama regida por Locuções Adverbiais de Condição...(muito interessante)..

    resumindo.. ficou bom.. ficou ótimo..gostei.
    ainda q eu ache q Vc deveria deixar um pouco o enfeite 'dicionárico'..cuidado pra não se perder demais ao significado dicionárico das palavras...isso faz ocultar qualquer sentido de Originalidade..perde a origem o sentido dessas palavras...afinal esse é o motivo maior pra quem se arrisca..no caminho das palavras...(mostrar de onde Vem..)

    ..essa é minha opinião meu caro..
    ..." é isso aí"..rs

    Gilberto Braga..

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