sexta-feira, 6 de maio de 2011

Páginas viradas





Páginas viradas


A imagem refletida no velho espelho
Está distorcida e embaçada,
Nos olhos posso ver claramente
Sentimentos que se comprimem em meu ser
Pronto a explodirem,
Manchando tudo ao redor
De cor rubra de lembranças e desejos cativos...

O tempo que parece sempre parar,
Minutos e segundos em um gotejar
De lembranças e preces perdidas,
Voz que ecoa por corredores frios,
Lágrimas que escorrem pelos cantos,
Dissolvendo ilusões, irrigando sensações,
São as melodias melancólicas de cada dia,
Escritas, talhadas n'alma,
Páginas viradas que quase nunca
Tem um final feliz.

Vão se escrevendo em folhas desordenadas:
O passado e fragmentos do presente,
Desejos e vontades gritantes,
Procura do que não se sabe ao certo,
O ir e vir nesse labirinto transparente,
Intermináveis sonhos cinzentos...

Vão se perdendo pelo escuro:
A infância e o medo da morte,
Sussurros de amores levados pelo vento,
Saudade dos que partiram sem dizer adeus,
Que deixarão flores esparramadas pelo chão,
Visão do desconhecido futuro...

Mais uma página virada,
Inevitável destino,
Construção de mais um capitulo,
O livro sagrado;
Mascaras que vão se tornando escuras,
Tragédias, comédias, risos e lágrimas,
Soluços azuis em papéis amarelados...

Já não existe mais beleza no palco,
O palhaço chora enquanto a platéia sorri;
Quando a estrada vai chegando ao fim,
No final sentimos o peso de nossos passos
Que ficaram escritos para traz,
E diante de nossos olhos o eterno leito...
As cortinas vão baixando,
É o fim do espetáculo.


W. R. C.

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