segunda-feira, 7 de março de 2011

Inverno



Inverno





Comi o pão amargo da tristeza,
Em minha ultima noite de pensamentos,
Suas migalhas espalhadas pelo chão
Fagulhas de meus sentimentos;
Minhas lágrimas eu bebo como vinho,
Embriagando meu presente,
Distorcendo minha realidade,
Seguindo esse estranho caminho,
Ofuscando meu passado,
Que nunca deixará de existir.
O esquecimento não me traz alegria,
Nuvens cinzentas desenham lembranças no céu,
Paginas escurecidas viram devagar,
Enterradas sob os dentes do tempo,
Onde meu último grito de amor ecoa,
Ocultas dos olhos, distante da alma.
Pois fria seja a pedra no inverno de sentimentos
Quando as geleiras devorarem as terras,
Quando os sonhos voltarem a ser pedras,
Quando o frio congelar ainda mais os corações,
E a chuva virar definitivamente lágrimas,
Consolação não é uma dádiva,
Esperança é sempre uma dúvida,
O martelo que bate forte
Da mão de gelo do inverno profundo...
Sob a grama molhada pela chuva
Eu vou repousar meus ossos cansados,
O que carne e espírito não levarem
Eu oferecerei em nome do inverno,
Este inverno que existe em mim,
Esta estação cinzenta e sem cores...
Se ao menos eu pudesse respirar,
Os ares puros daqueles dias,
Para ver o sol do inicio de maio,
E as chuvas rápidas que as vezes caiam,
Mas as noites ainda são mais longas que os dias,
E os sonhos mais escuros que a noite sem lua,
Enquanto eu me afundo em lembranças.
Nos olhos dela eu irei me perder,
Como me perdia em seus braços,
Nestes sonhos onde a vejo vou ficar,
Eu vou colher a safra de maçãs,
E oferecerei a você mais uma vez,
Eu baterei em portas trancadas,
Mesmo aqui onde estou agora,
Tão distante, tão faminto,
Eu correrei por todos os corredores,
Buscando recordações e sentimentos,
Mesmo que em sonho verei o sol brilhar
E fugirei desse inverno implacável...






W. R. C

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