sexta-feira, 4 de março de 2011

Casulo


Casulo


Neste céu cinzento desta manhã mórbida
Lancei meu ultimo lamento,
Um silêncio de cor argêntea bate a porta,
Pensamentos de sussurros nublados
Viram fumaça em pouco tempo
Com os sonhos trasparentes que saíram do passado.

Um olhar sedento me observa, me devora,
No canto da prisão com pequenos papeizinhos,
Desenha vidas de plástico e amores invisíveis,
Colore telas com lágrimas vermelhas,
Reboca paredes com sentimentos perdidos
E canta melodias com soluços...

Pássaros voam no subterâneo
Em busca de cacos de vidas,
Uma substância plúmbea escorre
Deslizando como serpente sorrateira,
E nas frestas das janelas não passa mais luz.

Um chamado poeirento ecoa distante
Onde os velhos vão para desaparecer,
E as flores brotam nos telhados,
Espinhos de lembranças não podem mais ferir,
Perfume de saudade não embriaga mais,
Agora o sono constrói as moradas petrificadas.

Duas pequenas arvores secas em meu jardim,
Conversando com vozes de veludo
Falam dos passos errantes sem direção
E dos pássaros falantes que deixaram de cantar.

Um casulo de folhas de papéis
Com cinzas de incenso queimado
Agora abriga o ultimo lamento de amor,
Sem saber se quando eclodir
Terá forças para voar novamente.


W. R. C.

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