sábado, 22 de setembro de 2012

Pintura
 
 Um quadro pintado colocado na parede, uma recordação no peito adormecido que vaga entre o sonho e a realidade, um olhar distante, uma vontade gritante, um querer que não se cala, imagem gravada esperando sua moldura; as galerias de nossas memórias guardam obras primas preciosas, escadas a serem subidas em direções variadas, momentos que se eternizaram, sonhos que um dia se coloriram, rabiscos que querem ganhar vida, rascunhos querendo se escrever em versos e letras que pulsam, o verbo e suas faces delirantes; tudo que um dia foi e tudo que ainda poderia ser no fluxo diário de escolhas constantes e os poucos escolhidos na estrada da vida entre os que seguem o caminhar e as luzes diversas de cada estação...
Preso em traços distante, longe de uma realidade tão querida, parado no tempo do agora curando cada uma de minhas feridas, pintura abstrata do presente sem pena, desejo de poucas cores, vontades de tantos amores, aquarela em lágrimas escuras, silêncio em forma de arte.
O substrato de todos os valores diluído em poucos tons, flores do jardim cinzento imortalizadas em vários sentimentos saídos da ponta do pincel, da ponta do lápis, da ponta dos dedos, um rosto em distante pensamento soprado pelo vento querendo o que um dia fora seu; agora aqui no papel fagulha falada de alguma coisa que sentiu perdida na consciência inconsciente desse momento e tudo o que um olhar perdido outrora viu, pinceladas desleais que o tempo registrou guardadas em suas galerias anormais de pinturas diversas e escrituras variadas que o presente tão urgente enfim transformou...
                                 W. R. C.

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