quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Tempo e Espaço


Tão longe, tão perto, a um passo de terminar, de começar outra corrida entre os dias e suas penas, suas glórias e cada um de seus paladares; vapores que sobem; venenos que descem, entorpecendo os sentidos e alimentando os pensamentos, sonhos, vontades; o globo cefálico se enche novamente; silêncio, sussurros intermináveis, antes de a próxima linha começar; as folhas caem; se escrevem, flores se escondem; se mostram e se colorem novamente, o vai e vem dos minutos e segundos  e seus sabores... Cada pulsar de membros e órgãos no balanço desleal do tempo inquieto; mais uma hora se vai, mais um pedaço de mim, e outro de você, entre os dentes pontiagudos de tantos quereres, em tantos lugares de formas diversas, procura interminável, fumaça e cinzas do incenso que cumprem seu papel...
O mundo dá suas voltas e veloz gira, como se não fosse suficiente esse girar desconexo de tantos ideais, alternado entre luz e escuridão, promessas, verdades e mentiras, novidades, o inicio de páginas, mudança de estação; o aglomerado de sentidos múltiplos, rostos por toda parte e sempre solidão, solidão de cada ser em seu universo que vai se preenchendo com outras vidas, que são bem vindas; espaço sideral entre o bem e o mal, eu e você na roda gigante de cada um de nossos ideais, os nomes e suas sentenças, os passos em suas estradas pelos campos de concreto seguindo adiante em direção ao horizonte e suas novidades, peças que se encaixam portas que irão se abrir... Tento entender isso que queima tão forte, que faz minh'alma vibrar em cores vermelhas, em seus pensamentos azuis, essas cartas que jogam com a sorte e que parecem que nunca irão para, esses brinquedos tão frágeis que perdem suas vozes antes mesmo dela se iniciar quando gritam tão alto vontades que irão ecoar;  seguem o curso pluvial como o sangue quente que corre nas veias e o ciclo vital tão limitado. Este mistério chamado viver, essa faca de dois gumes sempre a cortar, esse suspense falado do sentir arrastado dividindo os dias e suas horas, as vozes e seus verbos distintos, os sonhos e suas cores opacas; esse deleite prazeroso em dor quando pelos poros começa a fluir suas mais intima essência, esse grito em nossas entranhas que nunca irá se calar, pois grita em silêncio profundo cada um de seus anseios de paixão, de suas buscas tão urgentes.
Agora sei que o que sei não é nada, que ecoa perdido na existência, existindo de forma calada, rabiscados em papeis variados, em telas iluminadas, virtuais, anormais, muitas vezes irreais; mais que ainda pulsam, onde os olhos têm brilho profundo , dos que ousam enxergar adiante, onde a voz sempre ecoa pelo ar em pensamentos de perguntas sem respostas e variações de enigmas de uma vida; parte comum de toda jornada, pedaço onírico de nossa consciência moldada no barro, esculpido sensações.
Sei que o amor é um labirinto, sei que na vida podemos nos perder, sei que sombras ocultam sentimentos e vultos escurecidos vagam por ai; a realidade que começa a se iluminar mostrando suas cores verdadeiras...

           W. R. C.

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