Fotografia antiga e noticias relembrada
Fico sentado diante dos fatos revirando paginas
empoeiradas, do tempo que passou; noticiários em folhas de jornais escrevem o
cotidiano das grandes cidades, o pensamento corre solto nas avenidas, são veias
agitadas a pulsar, repletas de homens e seus gestos, fazendo suas colagens do
que vai se juntando entre os dias e suas cores, o jornal e seus dissabores e o
café de todas as manhãs; cada um em seu caminho, este que quase sempre desbota
depois que o tempo faz sua curva e deixa esses papeis que se escrevem, suas
imagens envelhecem, e os dias seguem seu curso cheio de rostos, desses seres
que se descrevem em atos marcados, em feitos heróicos ou fatídicos que por
alguns serão lembrados.
Uma fotografia velha guarda inúmeros segredos, noticias
relembrada: tudo que ficou arquivado nas enciclopédias de tantos convidados,
que deixaram suas marcas, que sorveram os venenos, que lançaram os seus dardos,
que compartilharam essências e riscaram os seus livros antes da próxima estação
que embarcaram. O tempo deixou saudade, poeira soprada adiante, sentimentos e
sentidos remodelados com o passar das décadas enquanto a imagem ainda está em
uma moldura na estante; as notícias irão se renovar assim como as flores após o
seu sono, o homem continuará a caminhar assim como a imagem vai se apagando;
outro café, mais uma olhada, outra mancha que se vê após o derradeiro gole de
vida, gotículas pingadas na fotografia antiga.
Tão difícil para me manter acordado quando o caminho
se torna agitado e portas se tornas escolhas, entre os dias e suas penas e cada
verdade que vai se mostrando, o abrir e fechar de cada vontade; um sono de
desejos desaba soterrando tudo momentaneamente entre as fotos e os fatos e as
ruas que não mais se encontram; sigo por essa estrada onde vejo meus dias, suas
sombras e cada pedra que vai se juntando entre os pensamentos escurecidos e
suas buscas que falam tanto, pisando neste solo muitas vezes seco cheio de
flores e folhas mortas onde brotam arbustos de temporário silêncio e espinhos
de leito solitário onde a derradeira faísca se escondeu...
Papeis se escrevem no dia a dia de todos nós, o
tempo se despede enquanto envelhecem suas lembranças, o amanhã aguarda ansioso
por suas novas paginas; é necessário que se publique novidades em bons feitos
nos jornais do presente de cada individuo que também se faz presente, e
necessário que se guarde o antigo no fundo do peito para quando fizer a próxima
curva e escrever a próxima linha possa mais uma vez dizer: _Que entre uma
imagem e uma nova notícia, os passos vão seguindo adiante, construindo um
destino, remendando sentimentos, criando possibilidades, guardando cada feito,
renovando muitos atos e tirando outras fotos.
W. R. C.
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