sábado, 5 de maio de 2012




Outras palavras



A felicidade nunca será permanente, ela oscila entre a realidade que a cerca e seus diversos sentimentos que pulsam no ritmo dos dias que se seguem, sobe as escadas pedregosas do acaso em direções variadas, flutua no curso pluvial de lembranças, na extensão lacustre das vontades, se estende nos campos floridos do pensamento entre as vozes intercaladas de todos os desejos borbulhantes que aquecem o peito e o fazem sonhar em meio à multidão faminta que transita diante de cada olhar atento; é alimentada de momentos e recordações, sentimentos, devaneios e amor, partes que se juntam construindo cenários diversos.
O amor é um sentimento grande de força tremenda e impacto profundo, mas que anda perdido nos dias de hoje, se afoga no mar das incertezas, morre de sede no deserto das vaidades, enlouquece diante do espelho das dúvidas enquanto o tempo segue adiante desenhando suas mais diversas obras, esculpindo seus pilares. Mais o poeta segue sussurrando palavras que poucos escutam, que ecoam solitárias por entre as frestas abertas no tempo, verbos que criam vida e caminham entre outros, que falam de morte e adormecem sem querer, palavras sussurradas à poucos ouvintes, sementes jogadas em desertos longínquos...
No jardim dos dias e suas horas entre os ponteiros e o relógio, podem-se plantar novidades, quando a terra estiver pronta, semear outra realidade e colher os frutos do que tanto se quer; semente nas profundezas ao caule e as folhas que se escrevem, repletas de novidades quando se vira uma página; a árvore da vida espera por cada um de nós, deitar em suas raízes, ser um de seus frutos; o vento sopra palavras de mudanças que sobem com a fumaça e as cinzas do incenso em direção ao firmamento, os raios solares aquecem a consciência, iluminam os pensamentos; verdades esperam na ponta do penhasco a oportunidade de alçarem voo novamente, querem voar em direção ao amanhã e suas curvas e planar sobre as cabeças daqueles que ainda acreditam que os dias podem ser escritos de formas diversas, encaixando suas peças, preenchendo cada lacuna, moldando um eu sólido e concreto que segue o labirinto de vidro entre suas paredes transparentes e sabe onde exatamente cada rosto e cada sorriso se encontra. 

W. R. C.

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