Outras palavras
A felicidade nunca será permanente, ela oscila entre a realidade
que a cerca e seus diversos sentimentos que pulsam no ritmo dos dias que se
seguem, sobe as escadas pedregosas do acaso em direções variadas, flutua no
curso pluvial de lembranças, na extensão lacustre das vontades, se estende nos
campos floridos do pensamento entre as vozes intercaladas de todos os desejos
borbulhantes que aquecem o peito e o fazem sonhar em meio à multidão faminta
que transita diante de cada olhar atento; é alimentada de momentos e
recordações, sentimentos, devaneios e amor, partes que se juntam construindo
cenários diversos.
O amor é um sentimento grande de força tremenda e impacto
profundo, mas que anda perdido nos dias de hoje, se afoga no mar das
incertezas, morre de sede no deserto das vaidades, enlouquece diante do espelho
das dúvidas enquanto o tempo segue adiante desenhando suas mais diversas obras,
esculpindo seus pilares. Mais o poeta segue sussurrando palavras que poucos
escutam, que ecoam solitárias por entre as frestas abertas no tempo, verbos que
criam vida e caminham entre outros, que falam de morte e adormecem sem querer,
palavras sussurradas à poucos ouvintes, sementes jogadas em desertos longínquos...
No jardim dos dias e suas horas entre os ponteiros e o relógio, podem-se
plantar novidades, quando a terra estiver pronta, semear outra realidade e
colher os frutos do que tanto se quer; semente nas profundezas ao caule e as
folhas que se escrevem, repletas de novidades quando se vira uma página; a
árvore da vida espera por cada um de nós, deitar em suas raízes, ser um de seus
frutos; o vento sopra palavras de mudanças que sobem com a fumaça e as cinzas
do incenso em direção ao firmamento, os raios solares aquecem a consciência,
iluminam os pensamentos; verdades esperam na ponta do penhasco a oportunidade
de alçarem voo novamente, querem voar em direção ao amanhã e suas curvas e
planar sobre as cabeças daqueles que ainda acreditam que os dias podem ser
escritos de formas diversas, encaixando suas peças, preenchendo cada lacuna,
moldando um eu sólido e concreto que segue o labirinto de vidro entre suas
paredes transparentes e sabe onde exatamente cada rosto e cada sorriso se
encontra.
W. R. C.
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