segunda-feira, 14 de maio de 2012

Em algum lugar do tempo

 Despertar é quase sempre assim, outro dia se abre com o aglomerado de brumas de nuvens lacrimosas no céu, que foram se formando, fumaça dos sentidos de todas as distrações no conjunto disforme de emoções diversas; algumas serão enclausuradas em tumbas gélidas para adormecerem, guardadas distante do presente e suas faces.
Horas e horas e o silêncio venceu a guerra, eu espero aqui parado de costas para a porta que atravessei, o castelo que construi de muitos de meus ideais; o tique e taque do relógio marca as palpitações, coração acelerado ainda espera embora as coisas mudassem em meio aos dias que passam; mudam muito, mudam em mim, em você, é inevitável, tudo em seu tempo se escrevendo e o tempo não irá esperar por ninguém, vira suas páginas e traça suas linhas...
Eu fico quieto observando, em manhãs que falam pouco, absorvendo tudo o que sinto, sentindo aquilo que quero, meus pensamentos se perdem no céu entre nuvens cinzentas e o sol que se esconde às vezes; é sempre assim, as mudanças são lentas, mais são continuas, vem em pequenos passos e seguem sem olhar para trás...
Talvez uma cartomante para ler o futuro ou as linhas disformes de minha mão que querem palpar o amanhã e suas sementes; talvez o destino nos conforte então sobre suas asas e devaneios escrevendo suas palavras, transformando nossos caminhos, moldando sonhos em rochas palpáveis.
Lanço uma moeda no poço profundo de meus sonhos, buscando palavras que ainda não ouvi que falem um pouco mais, talvez o firmamento me dê uma resposta, soprando verdades em meus ouvidos em trovoadas gritantes; talvez a verdade já esteja diante de mim para me mostrar o caminho certo, sussurra vontades em brisa de vento, enterra tristezas em tumbas de pedra, constroem suas pontes sobre abismos de saudades.
As cores da minha vida se transformam e tornaram-se variações de sentidos, no fogo de minhas paixões complexas, tantos caminhos de promessas, indecisões envenenam a mente dos que se perderam no labirinto, uma vontade fala ao coração, saudade tira todo o meu ar, esperança perdida se encontra novamente entre os dias e suas vestes, ela sai para ver o jardim de novidades e suas flores.
No entanto minha jornada deve continuar até o fim, até o fim de meus dias cinzentos quando o sol se mostrar e iluminar os campos verdejantes, essa jornada irá até o fim de minhas ilusões e o começo da realidade, e quando caminho sozinho nos dias enfim, uma voz me alerta, mostra saídas e novos lugares, eu vejo um homem no espelho olhando para mim com chaves e papeis nas mãos, com fogo e brilho nos olhos...
Aqui estou eu, na travessia da vida eu permaneço em suas pontes e portas diversas, olhando de um lado para o outro, guardando o que não posso mais sentir, e distante vejo tudo, vejo alguém, sozinho olhando a estrada, escutando o som de cada vento que sopra em direção às janelas azuis, embora a verdade seja desconhecida e os cavalos correm selvagens pelos bosques verdes da despedida, a vontade se torne muda, o mundo nos mostra várias saídas em tantas portas variadas, nunca se sabe qual é a certa, nem qual levará ao destino querido, mas pode-se saber o que se quer quando começa a caminhada.
Embora os dias sejam frios e as noites agitadas, meu coração queima em chamas, meus pensamentos sobem aos céus, eu caminho sozinho pela estrada e sigo meus ideais em direção ao amanhecer desconhecido e seus jardins que se transformam.
W. R. C.

2 comentários:

  1. Esta é minha primeira visita e confesso ter ficado maravilhada com suas palavras. Você revela muito talento e uma escrita cativante.
    De uma partilhadora de pensamentos: Jéssica Vieira

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    1. Agradeço a visita e saiba que as portas estão abertas para aqueles que se identificarem; um rosto novo, palavras que vão se escrevendo, a vida desenhando seus traços diante de nossos olhos. As palavras quando saem do intimo, escrevem verdades e sentidos que são soprados a diante, para ouvidos de mesmos quereres, onde uma pequena parede transparente separa os sonhos da realidade e esse saem em formas de letras...

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