sábado, 8 de outubro de 2011

Tudo em uma garrafa


Tudo em uma garrafa


É, seguimos, este presente, nestes caminhos de idas e vindas, a vida é tão urgente; como diz minha amiga: Alessandra Rodrigues... Mesmo que, em determinados dias, queremos juntar tudo, como se fosse em uma garrafa para beber nesta mesma noite; cada pedaço pequenino, de todas as eras, tudo que sentimos, cada amigo que o tempo vai escondendo da gente, cada sentimento que partiu sem se despedir, todos os beijos que o tempo calou, cada amor que fora soprado ao deserto do esquecimento, nas asas do tempo impiedoso; por tudo nesta garrafa e beber em goles suaves de recordações, deixar esse momento escorrer alma a dentro, cada um, todos os rostos que não estão presentes, cada sentimento que se faz ausente, tudo nesta mesma garrafa, neste mesmo instante, hoje e ontem, menino ou homem, presente e passado, pretérito perfeito, jogado no tempo, nessa existência, agora... Todos aqui, sem se preocupar com as horas, e nem o que tem que fazer amanhã; pois as horas as vezes pingam, com gotas de saudade, de lágrimas derramadas em silêncio, e preces a meia noite; com notícias sussurradas do passado, que quietas se mexem, de forma tão doce, na consciência do presente, sentindo tudo que estava guardado, nestas gavetas do tempo, em poucas notas musicais, tão discreto, tão perfeito, um quadro pintado e exposto na própria galeria da vida, a mercê da poeira que paira dos pensamentos, esses que não tem limites, que não tem palpites, que vem nesses momentos, nessas garrafas, que se bebem de uma só vez...
Nunca lemos uma poesia de luz acesa, pois ofusca os olhos; esses que buscaram tanta realidade,então apagamos as luzes de nossas mentes e deixamos os sonhos brilharem no escuro, em meio à vontades, em meio à aquilo que falamos baixinho e que evaporaram de vagar, canções gritantes que soaram suaves, perdidas no instante daquele derradeiro sentimento, entre as coisa que são jogadas, que são deixadas em um canto, pequeninos pedaços de nossas vidas; os pensamentos; outro gole, e um batimento cardíaco...
As cascatas de horas que escorrem, lavando, levando cada pedaço de nós que se desprendeu depois que as lembranças são derramadas pelo ralo escuro deste momento; é; o presente; que sempre é urgente, que nos faz correr em direção ao amanhã, buscando encontrar respostas em meio a uma torrente ininterrupta de perguntas, o tempo todo querendo estar presente, todas as horas, essas que distraídos parecemos pessoas ausentes...
Outro gole, cerveja quente, silêncio profundo, uma vontade de estar com uma certa pessoa, que não está mais aqui, a muito tempo deixou de passear por aqui... O saco cinzento da paciência parece estar cheio, estas vozes tortas que sujam a parede,sempre mancham as memórias; até mesmo as que estavam guardadas; com suas chaves esquecidas, pois quase não eram usadas, desgastadas por sentimentos que evaporaram no ar seguindo o curso dos acontecimentos inevitáveis... Gostaria de saber; mas nem sei o porque deste gosto amargo do meu presente...
Cada passo, cada traço,um pedaço de nós esquecido para trás, cada salto, cada retrocesso, outro passo que se escreve nestas folhas amareladas dos dias agitados, e dos sonhos conturbados, que trazem fatos e fotos, feitos e fugas em um turbilhão de sensações variadas, pingadas gota a gota no fundo de nossa consciência.
Parados esperando; essa música se findar, beber o ultimo gole, dizer mais uma vez eu te amo, um abraço apertado em todos e prometer que isso não vai ser um adeus... Costurando alguns planos e remendando varias verdades; com esse sopro da meia noite, tão musical e vermelho; só quero um pouco de seu beijo e deitar sossegado, cantando as alegrias de hoje e de ontem, que coloquei nesta garrafa...



W. R. C.

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