quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Boneca Mecânica



Boneca mecânica


O tempo a deixou assim,
Ele não foi generoso com você,
Seu vento frio soprou para longe
Cada fagulha de amor que nascia em tí;
O sorriso foi se apagando em meio à multidão
E os venenos que evaporam no ar;
Linhas invisíveis a guiaram como marionete
Em direção ao precipício da incerteza...

Sentada no alto de seus medos,
E meio à pensamentos profundos
E borboletas de papel que voam ao redor
Com traços de vida escritos em suas asas;
Fica a remoer amores pingados,
A reviver dias que foram levados em silêncio
Pela lembrança que fora ofuscada com o tempo,
Se perdendo vagarosamente nas gavetas da memória.

Pássaros com olhos de vidro bicam os sentimentos,
Cada pedaço que se desprende e cai
Alimentam essas aves de cores escuras,
De canto tristonho, de voo sorrateiro,
Aves de nomes melancólicos,
Devoradoras de sentidos,
Consumidoras de razão...

É verdade o tempo se perde em ontem e hoje,
O que tentamos construir e desmorona,
Altares erguidos em vão ao deus do amor,
O que planejamos em sonhos cinzentos,
O que escrevemos em papéis amarelados
E o que deixamos bem guardado no fundo do peito.

Você ainda continuará sentada aí
Quando o dia amanhecer, e o sol brilhar?
As portas trancadas se abrirão
E o presente lhe presenteará com novidades,
Assim como o fruto amadurece e é colhido
Cada sonho nosso também pode ser,
Basta amanhecer cada sentimento...

W. R. C.

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