segunda-feira, 6 de junho de 2011

Tateando Sombras




Tateando Sombras


Tateando sombras
Como cego que tateia sensações,
Procurando sentidos isolados,
Partículas de mundos pingados lentamente,
Lembranças arrastadas às profundezas
Do oceano nebuloso de ideias;
Palavras que constroem castelos de areias,
Fogo feroz que incendeia as paixões,
Vultos que dizem o que não queremos ouvir,
Verdades sopradas em direção ao horizonte.

Reflexos distorcidos em espelhos empoeirados,
Soluços que ecoam por corredores vazios:
São os rostos e as vozes dos sentimentos que seguem;
Pássaro silencioso que cruza os céus,
Flores escurecidas que se despedaçam no asfalto,
Lágrima vermelha que brota da saudade,
Portas de chumbo que se fecham de repente...

Somos feitos de cinzas de estrelas,
Somos parte de um todo,
Gritos que não levam a nada, que se perdem;
Música feita na encruzilhada,
Ecoando em quatro direções,
Em quatro estações,
Em diversas emoções que se misturam,
Que vem e vão, que se encontram e que se perdem...

Pedras lançadas para cima,
Porcos jogados às pérolas,
E pérolas aos porcos;
Estrada na contra mão,
Um telefone na espera, sussurro adormecido,
Beijos úmidos em lábios vazios,
Flor e espinho, inicio de uma nova era...

Somos a ejaculação de um pensamento,
O parágrafo de uma só linha,
A manifestação dos tormentos, dor em carne viva,
Amantes em sua interminável espera,
Construtores de muralhas, destruidores de pontes,
Sentados no alto da colida
Colhendo espinhos na primavera.

Sonhos em cores opacas,
Sedentos em um manancial de emoções;
Caminhando por dias pingados,
Escrevendo desilusões transparentes,
Atuando em cenários rubros reluzentes,
Entre rostos e amores de plástico,
Noite e dia, dia e noite,
Tateando sombras...



W. R. C.



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