quarta-feira, 22 de junho de 2011

São Linhas






São linhas



Sozinho me perco em pensamentos
E vou sem perceber do céu ao inferno
De toda minha consciência;
Já não posso conter os traços,
Já não posso mais conter as letras...

O entardecer arrasta sentimentos diversos,
Pássaros que voam em silêncio,
Pedaços de mim espalhados pelo papel,
Gritos de lamentos levados pelo vento,
Horas tortuosas, cheiro de curva, paixão...

A noite cai devagar, olhar perdido,
Soluços que ecoam, linhas que se escrevem!
Os frutos da árvore cinzenta são amargos,
As flores desbotadas não possuem mais perfume;
E eu só quero encontrar o caminho de casa...

Deixe a melodia se propagar
Nas esquinas escurecidas,
Por entre becos e ruas vazias,
Entre a fumaça e o cheiro da noite,
O fim de um ciclo e o inicio de outro...

Suba no picadeiro, declame sua vida,
Grite aos quatro cantos,
Uns quatro versos, e nada mais:
Pois a platéia está distraída e nem se importa,
Escreva sua vida, construa suas pontes...

Seque toda e qualquer lágrima,
Suba a árvore do conhecimento: e sente-se;
Pense no ontem, no hoje e no amanhã,
Feche uma porta e abra outra,
Tire do rascunho cada sonho seu...

Lance suas sementes, por todos os lugares,
Deixe brotar novidades, surgir verdades,
Cada linha, cada letra, toda uma história,
Cada verbo, cada fruto, tudo novamente,
Em direção ao amanhã, página por página...

São passos sorrateiros,
São peças pequeninas,
São páginas rabiscadas,

São vozes que se perdem,
São sonhos que se vivem
E linhas que escrevem...



W. R. C.

Nenhum comentário:

Postar um comentário