segunda-feira, 13 de junho de 2011

A Despedida




A despedida



Vejo os primeiros raios de sol,
Cruzam minha janela como facas afiadas,
Passaros falantes estão em silêncio,
Flores vermelhas agora se foram,
Paredes me contam seus segredos
Lágrimas desenham um sentimento.

Os papéis se espalham ao vento,
Palavras se formam em brasa e fogo,
Lembraças que rasgam o peito,
Dados que correm a mesa,
Dúvida amarga, palida certeza,
O leito profundo... O jogo...

Essa voz ecoa distante, bem distante,
Nuvens que formam saudade,
Música em sons brilhantes,
Sombras e sorrisos,
Sentimento constante... Vontade...

A hora se vai, uma outra já vem,
Corredores se tornam estreitos,
Um passo de cada vez e outra porta,
Os sinos tocam alto, o uivo do tempo,
É triste quando a fechadura recusa a chave.

Escuto meu nome lá fora,
Vejo seus olhos no céu à noite,
Um luar e um convite, o vinho seco,
Somente um palpite e nuvens cinzentas,
As copas das árvores, o leito escondido,
O livro sagrado, suspiros profundos,
A água da fonte e um pão mordido.

Não podemos nos esconder,
Este manto negro se rasgou
E todos os sons de sentimentos sairam,
Sobem aos céus, busca o que pensei que era meu
E se perde além do horizonte...

As linhas se findam, os olhos se fecham,
A boca seca não bebe mais das fontes de amor,
Anjos que vagam por bosques silenciosos,
Luz que se perde lentamente, frio,
Sigo meus passos adiante,
E vou embora, é só me despedir.



W. R. C.

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