segunda-feira, 12 de março de 2012

Ponto de Vista



Ponto de Vista

No tabuleiro da vida seguimos nossos passos levando a bagagem de nossos sonhos, observando o cenário muitas vezes distorcido, de poucas cores e muitos pesares, um ponto de vista individual no coletivo cotidiano de nossos dias; olhares solitários atravessam a avenida em direção ao desconhecido, visões que são desmembradas no moedor de idéias de nossa consciência, de nossos sentimentos; olhares curiosos tentam imaginar o que se passa do outro lado do espelho de outras vidas entre o bailar de outros caminhantes e seu olhar crítico do mundo, possibilidades imprecisas de uma analise parecida entre o que existe diante de cada visão e todos os seus vultos.
Tateando visões escurecidas que o dia a dia desenha diante de nós, refletindo em realidades distorcidas entre o palpável e o nada que evapora diante destes olhares e o sol escaldante da dúvida; cada um vê o mundo de acordo com seus ideais mais distintos, cores que se formam em seus pensamentos, imagens que se desenham em muitos sentimentos, palavras que se escrevem em diversos verbos diante de inúmeros olhares, inúmeros conceitos e todos os nossos receios; cada cabeça é uma sentença, cada olho irá enxergar o mundo baseado no jardim que existe em seu interior, plantado por mãos observadoras e analíticas que são capazes de criar realidades e moldar imagens disfarçadas, coexistir com o tempo e suas vestes, sorver os venenos dos dias e suas delicias, pedaços pingados do que queremos encontrar, do que queremos mostrar no instante que somos visto por outros jardineiros de mãos observadoras e olhares repletos de julgamentos.
“A beleza está nos olhos de quem vê”: É verdade! A beleza gerada por cada um desses olhares ocultos por de trás de suas máscaras é que forma a realidade de cada espectador, que atua e que assiste do alto de seus múltiplos pensamentos a construção de tantas vidas diante de sua própria realidade; o conheça a si mesmo se torna cada vez mais complexo quando estamos atuando no palco da existência, entre todas suas pendências, onde o pêndulo balança e pode fazer distorcer muitos cenários; muitos mostram suas faces ordinárias disfarçando seu eu interior, esse que eles mesmos pouco conhecem e que mesmo assim ainda o esconde cada vez mais, pois temem a reação de olhares alheios e suas condenações injustas; vítimas e algozes, julgados e juízes. A vida segue seu trajeto em composições de imagens, gestos, palavras e cada um de nós, as ilustrações destes exemplares de existências individuais variam de cada artista solitário que esculpe sua parcela diária de arte, que expõem na galeria universal para análise dos outros artistas que por ela transitam; a visão que cada individuo tem da realidade que o cerca está baseada na realidade que este mesmo alimenta em seus mais íntimos sentimentos, ou que tanto sonha e nem sempre consegue arrastar estes sonhos para a realidade, se perdendo no nevoeiro que divide sonho e sonhador; mesmo sabendo que a vida é um jogo de escolha e escolhidos, ou melhor, do que se escolhe e do que se exclui, cada um com seus disfarces e suas roupas bem vestidas preservando sua verdadeira essência para os demais, a nudez do sentimento; agora mostrando um ser que finge viver em um mundo onde tudo corre tranquilamente mesmo sabendo que a realidade pode ser bem mais cruel do que se pode pensar, do que se tenta moldar; o que nos resta é tentar fazer a melhor análise do cenário dessa existência, tentando coexistir com os de olhares apreensivos, sentimentos variados, desejos profundos e vontades que muitas vezes permanecem caladas; também fazer o nosso melhor para enxergar com mais clareza o intimo de nossos próprios conceitos e sentimentos a respeito de tudo o que nos cerca, abrir as portas ainda trancadas e adentrar os salões onde se escondem algumas respostas, onde se pode jogar sem medo de perder, onde se possa realmente enxergar. A frase deveria ser assim: O ponto de vista está nos olhos de quem vê!
W. R. C.

Um comentário:

  1. Muito bom,
    O mais incrível é que por mais que tentemos compreender o ser humano em sua complexidade, por tantos pontos de vista possíveis, não nos atentamos para o que é óbvio. Somos seres relacionais e dependentes, e é através destas relações que nos desenvolvemos.
    O sujeito deve ter a oportunidade de criar e recriar, de ser protagonista da sua história.

    ALGUNS AUTORES EXEMPLARES:
    Edgar Morin
    Jacob Levy Moreno
    Gonsalez Rey

    Sucesso, de uma partilhadora de pensamentos: Jéssica Vieira

    ResponderExcluir