sexta-feira, 23 de março de 2012

Em Algum Lugar do Tempo




Em algum lugar do tempo:

Porque as estações mudam, mas nós muitas vezes ainda somos os mesmos? Estas buscas tão incertas, mas cheias de surpresas, construções de moradas em lugares diversos, abrigos erguidos no eu e no hoje; sentimentos a bombardear cada partícula de nosso ser, incertezas as nos consumir, vontades arranhando as paredes de nossas entranhas, desejos gritados após o amanhecer, com a voz mais fria de nossos receios, e mesmo assim nos deixa cheios de vontade de tentar. Mesmo apesar do vento frio que sopra, nós estamos queimando como uma chama, corações em brasa, corpos a arder, na floresta do silêncio, explosão de sentidos; queimando com o desejo de que tudo fosse guardado no tempo, cada uma dessas inúmeras ocasiões que valem a pena guardar em suas gavetas de eternidade, para que ecoassem com cada um de nossos passos, que em um virar de uma página, ao estender a mão, em um rabiscar de linhas diárias, respostas fossem surgindo, caminhos fossem se abrindo, pudesse ser como o traço preciso do artista a demonstrar a vida em obra de arte, um cenário alternativo repletos das cores que a natureza quis colorir nesses momentos...
A vida nos faz sentir o tempo e diz que não podemos parar; cada segundo nos movimenta em direção ao amanhã com suas cascatas de sentidos a nos impressionar, em suas curvas e seus desníveis a nos conduzir. O tempo nos faz viver uma história já contada, e nos faz escrever uma inédita e inesperada, o tempo nos faz curar um sentimento interior, um sentimento que está no coração, que roubamos, que moldamos, que queremos curar das dores que vieram antes de tentarmos novamente; do tempo que passou quando perdidos em nosso mar de incertezas quase nos afogamos, na floresta do desespero quase nos perdemos para sempre; e agora é hora de fazer um tempo novo e único com cada voz que vai surgindo e tintas novas a se pintar...
Não quero ser a introdução, nem a conclusão do livro de uma vida, só tento escrever minhas linhas em seus passos, com suas tintas, parágrafos, rabiscos; pois palavras criam existência quando permitimos; mas seria bom ser parte de um capítulo, ou ele por completo, com todos seus pontos e vírgulas, em verso ou em prosa, na selva de pedras ou de vidas! Vamos: me dê sua mão, vamos juntos ver o que pode ter do outro lado das letras e dos sonhos entre o tempo e suas realidades, toda mudança, tudo em conjunto naqueles momentos em que caminharmos lado a lado...
O tempo é muito lento para quem espera, e frio para quem se perdeu no caminho; muito rápido para quem insiste e escorregadio para quem não sabe onde pisar; muito longo para quem sofre entre os espinhos sufocantes e as ervas venenosas das indecisões; muito curto para quem aproveita sem medo cada uma de suas aventuras variadas; mas para quem ama, quem sente, quem busca, quem luta, quem quer, quem tenta, quem grita; o tempo não existe ele se perpetua em um interminável ciclo de renovações diárias, demolições e construções, termino e inicio de páginas e se propaga na existência como um grito infinito de poesia!

W. R. C.

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