quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Em algum lugar bem aqui no amanhã
 
E foi surgindo com o sol lentamente, rasgando nuvens dispersas de manhãs diversas, de varias estações, quando nos perdemos em meio aos dias, cada um desses sentidos que falam baixo; todos esses que se foram para distante por lugares esquecidos pela maioria; por aqueles que não nos ouve quando os chamamos!  Sei que muita coisa mudou e que outras se perderam entre horas que se arrastam e sentimentos que vão surgindo; junto às minhas palavras o que tenho a dizer, fagulhas rabiscadas de sentidos latentes, essa mistura de sensações e vontades engasgados entre a lacuna de todos os sonhos e tudo que foi embora com as estações sem se despedir; o mundo ocultando algumas cores lentamente, o mundo ganhando novas cores diariamente, pintura real de mim e de você.
 O que sai desse coração que às vezes se silencia através da porta do desejo humano e todas suas buscas desmedidas; eu vi a terra que todos nós procuramos repleta de suas delicias e seus jardins, ao longo de nossas vidas tudo o que planejamos entre o deserto árido e os mananciais volumosos; não há verdade, não há mentira, nem meio termo ou ele inteiro, tudo escrito em páginas velhas, em linhas variadas, pintados em quadros antigos: um anjo ali nos encarando, agora, um demônio nos tentando, agora, procurando sua pena, procurando a minha, a sua, essa que desprende do alto de nossas vontades, do intimo de nossas procuras, planando sorrateiro em tantas verdades de asas abertas a flutuar...
 No silêncio, entre a batalha de nuvens cinzentas e o sol escaldante ele veio, partindo ao meio este negro véu que separa sonhos de realidades; um fluxo súbito de consciência corre velozmente em direções desconexas como um rio que corre bem perto de nós, trazendo-me as mais diversas palavras, de pensamentos e sentimentos profundos, onde o olhar do mundo se diversifica em bifurcações e ideais enquanto sento aqui e observo a paisagem.
Meus pensamentos estão fluindo pra longe com os ventos e a fumaça do incenso, por lugares onde gostaria de estar agora, com vontades que ainda esperaram muito pouco; em linhas distorcidas se escreve lentamente, em sentimentos gritantes se perde consciente, sabendo que o amanhã não irá me decepcionar longe do ninho que tentei construir sobre o céu cinzento desta manhã que agora se foi deixando sua pintura e dando passagem para o astro solar e suas luzes...
 W. R. C.

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