sexta-feira, 22 de junho de 2012



Desejo

Inflama
Em minhas entranhas,
Como a chama ardente
De mil vulcões,
Rasgando minha pele
Como fera selvagem,
Rompendo sentimentos
Como negro véu,
Dilacerando meus sentidos
Sem piedade,
Abrindo as portas da mente,
Escancarando o peito nu.

Quero
Segurar o tempo
Em minhas mãos e pará-lo,
Ser o guardião
De seus infinitos
Grãos de areia;
Construir uma ponte,
Seguir os meus passos,
Mergulhar nas profundezas
De todas as sensações;
Moldar as paixões
Em obras de arte,
Lapidar com cuidado
Corações
Em pedras preciosas...

Quero
Desvendar suavemente
Os mistérios sombrios
De seu ser,
Ver em uma esfera reluzente
Cada cor, cada brilho, tudo...
Abrir as portas
E romper as correntes;
Mesmo que a distância
Este carrasco impiedoso
Venha com sua lança
Afiada e mortífera,
Rasgar o véu transcendente...

Soltarei gritos 
Pela noite fria enfim,
Que ecoarão perdidos
No firmamento;
E do alto de cada procura
Como canto de ave noturna
Clamando por um nome
Aquecendo nossas carnes
Por toda madrugada...

No badalar da meia noite
Estarei mais uma vez, 
Entre os devaneios,
Suas formas diversas
E cada desejo profundo;
No branco de seu leito,
No intimo de sua pele,
Matando a sede de um beijo,
Até que me embriague
Com os vapores da noite,
Com toda essa luxúria...

E alimentando devagar:
Beijo a beijo,
Toque a toque,
Permitindo que o tempo
Escreva outra linha
De nós dois;
Suprindo na medida
Que mede
Nossos corpos nus
A fome insaciável
Que é meu desejo!...

W. R. C.
 


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